segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Serra do Luar


Amor vim te buscar
Em pensamento.
Cheguei agora no vento.
Amor, não chora o sofrimento.
Cheguei agora no vento.
Eu só voltei pra te contar
Viajei...fui pra serra do luar.
Eu mergulhei...ah! Eu quis voar.
Agora vem, vem pra terra descansar.

Viver é afinar o instrumento
De dentro pra fora
De fora pra dentro.
A toda hora, a todo momento.
De dentro pra fora
De fora pra dentro.
A toda hora, a todo momento
De dentro pra fora
De fora pra dentro.

Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranqüilo.
Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranqüilo.
A toda hora, a todo momento.
De dentro pra fora
De fora pra dentro.
A toda hora, a todo momento
De dentro pra fora
De fora pra dentro.




Música de Walter Franco que se encaixa de uma forma que nem eu mesmo consigo expressar quando quero dizer que amo minha mulher depois de desventuranças pela serra do luar. To na terra com ela agora. Nada vale mais que isso.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

De nós dois.

Sabendo o que quer
Ficando sem saber
O que amanhã tem
Pra nos trazer

Vamos ser felizes
Com ou sem ninguém
Pra nos dizer
Que a saudade não tem fim

Enfim

Nós dois
No fundo de uma garrafa
Verde e sem fim
Infelizes e sós

Só tem um lugar no mundo
Pra um coração como o seu
Que sem querer
Me faz tão bem
Tão mal de mim.

Em mim
Só cabe você no peito
Que implode de tristeza
Só de pensar em não
T e ver.

Você parece esquecer que sou humano
E esmaga o meu coração
Com meia dúzia de palavras
Que me fazem esquecer

Que

Sabendo o que quer
Ficando sem saber
O que amanhã tem
Pra nos trazer

Vamos ser felizes
Com ou sem ninguém
Pra nos dizer
Que a saudade não tem fim.

Pra mim, ou pra você.
Só você.
Pra nós dois.
Pra nós dois.
Pra nós dois.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Estranha entranha

"Chora criança.

Chora pelos olhos que não tens.

Chora de soluçar criança, com esse teu jeito de neném

Que se encolhe no canto

Pensando no pranto

Desse amor que vai e vem.

Chora agora criança, pra não chorar depois.

O amanhã não espera por nós dois.

Só o ontem sabe bem o que vivemos,

E de como é belo tudo que temos.

Deixe que o vento sopre a vela do navio

Que vaga num mar tão doce

Por vezes calmo, outras bravio.

Mas que sempre pulsa forte.

Como se nosso coração fosse.

Pulsa forte, desgraçada entranha!

Arrebenta esse peito que já não é teu.

Mas não te esqueças jamais, minha criança,

Que um dia ele foi, sim, seu.

Amo-a como se não houvesse amanhã, meu amor!

Esqueço desse mundo de gente vil e perversa

Que faz essa Terra rodar.

Sigo junto dela e entrego a ela minha vida!

Porque as pessoas desse mundo são poucas

E é isso que as tornam tão especiais.

Sinto dores nunca d'antes sentidas.

Dores vindas dessa estranha entranha

Que bate sem sentir sempre, mas que de repente

Explode em fúria notavelmente presente.

Batendo sem pedir licença

Pra mim ou pra ela.

Espasmando rapidamente.

Seja de alegria, seja de tristeza...

Sempre estará lá para sempre te mostrar

O que é o amar e ser amado."

Sim, estou com sono e estou cansado. Não me culpem por estar escrevendo desse jeito horrível. Estou indo dormir, pensando no amanhã que me aguarda. Sinto que não será um amanhã qualquer. Será estranho...tum tum....tum tum...tum tum tum...tum tum...................tum tum.....tum tum....não sei o que esperar do amanhã...tum tum...apenas espero.....tum tum...tum tum...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Respira vagabundo!


"Ela me ama. Ela me completa"


Palavras que ditas em tom jocoso,

Mas que no são de verdade plena e absoluta.

Agarra-te a isso como se nunca mais fosse viver.
E sendo assim, de forma serena um dia irás morrer.


Isso te dá segurança. Te conforta.

Contudo com outras palavras ela te corta.

Fatia, sem querer, teu rosto em pedaços mil.


Ela não é como os outros. Ela se importa.

Você se importa. Vocês não são como os outros.

Se ambos não assim quisessem,

Estariam agora em úmidos lençóis.


Sofrem do mal do coração pois amam se amar.

Levam a vida sem ter com o que se preocupar.

A não ser com um ao outro. Sempre.


Sentes que o peso da labuta te agrilhoa, menino?

Assim é melhor, deixe que ouça

E note que a música tem outros ângulos.


Só não condenes esse amor tão findado

A um terrível e triste fim.



quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sereguefê

Meu coração se racha em pedaços.
Tudo por casua de um mal entendido.
Eu amo ela, pai!
Será meu amor assim tão apagado?
Será ele pouco? Muito? Menos?
Será que não dou valor o suficiente?
Será que não enxergo o que deveria enxergar?
Não sei. Mas um mal entendido pode arruinar uma vida.
Espero que já não tenha acabado com a minha.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Do meu coração



Sinto saudades como nunca senti na vida.
Estaria eu louco? Estaria eu perdido?
Não sei. Não me importa.
Estou com quem amo!
Nada mais é importante.
Que apareça o papa
Pra dizer quem devo ser.
Que brote algum inciso
Pra dizer aonde piso.
Que surja o presidente
Pra dizer pra ir em frente.
Que venha um inquilino
Pra apontar algum destino.
Eu sei aonde vou. Obrigado.
Agora, mais do que nunca,
Sigo meu caminho.
De cabeça erguida e
Peito aberto,
Disposto a apanhar
De quem quiser atirar.
A primeira, a segunda
A enésima pedra.
Que atirem! Que venham os cães!
Nem Cérbero é pareo para o tamanho do que sinto.
Não me interessa.
Não tenho pressa.
Tenho meu amor.
Que é tudo que mais me vale nesse mundo.

sábado, 22 de novembro de 2008

Vou te contar, hein!?


Seguindo meu caminho, vou só pra frente
Porque pra onde quer que olhemos haverá gente
Disposta a nos derrubar.


E é por isso que sempre espero o primeiro passo
Porque é assim que essas tolas pessoas
Se deixam fracas mostrar.


Desista enquanto pode
Ou sempre irá se amargar.
Ficar assim se enrugando
Nunca vai adiantar.


Pensar sobre a vida alheia
Jamais fez bem pra ninguém.
O grande J.C. sabia disso,
E ainda assim morreu lá em Jerusalém.


Esqueça as coisas da vida.
Amarguras acontecem.
Viva como deveria viver
E esqueça o que é pra esquecer.


Vá e seja feliz!
Mas ainda assim não se esqueça:
Que às vezes quebrar o nariz,
Faz parte dessa vida espessa.


domingo, 16 de novembro de 2008

"Carlos, sossegue, o amor

É isso que você está vendo:

Hoje beija, amanhã não beija,

Depois de amanhã é domingo

E segunda-feira ninguém sabe

O que será."

sábado, 15 de novembro de 2008

Pois é, eu sei...

Eu sei que eu te amo.
Eu sei que tu me amas.
Eu sei que ela me ama.
Eu sei que nós amamos.
Eu sei que vós amais.
Eu sei que elas amam.

E é tudo que me basta saber agora, aqui, hoje, amanhã e sempre.

Tristeza não tem fim, mas a felicidade...

Gostaria de ser possuidor de metade da sabedoria do coração que algumas pessoas tem. Por vezes singelos, humildes, orgulhosos, maravilhosos, horrorosos, charmosos, ou só simpáticos, alguns conseguem nos envolver tanto com um simples palpitar.
Coração que balbucia palavras “aladas” segundo Homero, e que se torna a maior de todas as fraquezas do Homem.

Vêm meu amor, faz de mim anjo,
Faz de mim amado querubim
De tua paixão ininterrupta.

Vêm minha paixão, traz seu coração
Pra junto do meu, para podermos
Nos amar de forma estúpida.

Largados feitos dois corpos
Os corações confessavam as respectivas vidas
Confissões de passados tão belos
E ainda tão distintos em suas idas

Ao redor do mundo.
Ao redor da roda.

Que gira sem esperar ninguém
E impele a amar também.

Vai meu amor, mas espere resposta
Desse estilhaçado coração, mas inteiriço
Que está ali sempre a te amar.

Vai meu amor, mas volte um dia
Para que possamos, num outro feitiço
Cairmos em pura alegria de saborear

O amor que temos um pelo outro.

Das Montanhas de ébano

Lá sempre estiveram duas montanhas
Que o tempo fizera questão de esculpir
Com tamanha perfeição.

Magnânimas e tão grandes montanhas
Que seu vale nunca faz questão de sumir
Nos olhares ao chão.

No topo de ambos
Um solo raso
Como que se fosse
Moldado por fortes ventos circulares.

E ainda no centro de cada um
Uma pedra que teima em se esconder
De acordo com as vontades
De uma terra desconhecida pelos homens.

O vale, sempre um mistério,
Fica ali perdido, quase lendário
Guardando algo muito mais importante

Que pulsa, que vibra,
Que sente , que chora,
Que salta, palpita,
E onde, essencialmente, mora

A vontade dessas montanhas
Que perambulam sem rumo pelo mundo
Buscando olhares para visitá-las.

Buscando olhares estranhos,
Porque os olhares íntimos
Vindos dum vale raso
Não tem significado algum.

Montanhas sacodem num terremoto.
Num fervor altivo e frenético.
Nunca reparadas?

Pulsam junto com a terra,
Junto com o vale.
Onde se guardam ainda muitos segredos
A serem desvelados.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Cap. 51 - César e o artesão

Uma vez, um artesão fez um vaso de vidro que não quebrava. Foi adimitido na presença de César com seu presente. A seguir, apanhando-o nas mãos do imperador, atirou-o no chão. Tinha só uma pequena marca, como se fosse feito de bronze. Então, o artista tirou um martelinho da sacola e, com toda calma, corrigiu a marca. Feito isso, o artesão julgou ter herdado o céu de Júpiter, já que o imperador lhe perguntava:

- Além de você, quem mais sabe o segredo de fazer vidro inquebrável?
- Só eu, majestade.
- Guardas! Cortem-lhe a cabeça. Se esse segredo se espalhar, ouro e merda vão ser a mesma coisa.









Guarde bem o que tens de mais precioso só para ti, e assim, só assim, serás feliz.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Vai, vai, vai...

Atirados num turbilhão de emoções

Lá estavam, sem saber o que fazer, a quem ouvir.

Seguem seus corações, furiosos, revoltos e apaixonados

Para onde ou o que eles os levassem a sentir.

Orgulho ferido

Ferida aberta

Raiva possuída

Sensação desperta

Fardo acabrunhante temos nós humanos

De sermos sem sentirmos o que somos.

Triste fim tem a nossa humanidade

De sentirmos sem sermos o que fomos.

Tontura, vasta tontura.

Deixe-me ver com clareza o destino que nos aguarda.

Não deixe cegar nossos ouvidos

Às vibrações que o mundo nos reguarda.

Lembrai-vos criaturas, de como o mundo é mundo!

E esqueçais, por menos de minuto, que sois feitos de carnes e ossos.

Almas penosas rangendo as correntes,

Aperfeiçoando as vozes

Para em mais outro momento

Perturbar a vida mortal.

E assim, sem mais nem menos sementes,

Segue a vida dos aldazes ferozes.

Que acham saber de todo conhecimento

Mas nada vêm na vida de real.

domingo, 26 de outubro de 2008

O que será que será?

Pedra. Água. Ar.
Energia.
Futuro. Passado.


Não, não estamos tratando do Capitão Planeta. Falo aqui sobre um momento de reflexão sobre uma pedra, observando-se o mar, respirando profundamente, e pensando sobre tudo que se foi e tudo que poderia vir.


Tudo corre muito rápido pra percebermos o que está acontecendo naquele exato momento. Pessas poucas, como Cicero ou Bismark, conseguiram enxergar os passos que estavam dando e o rumo das consequências que seguiam-se.


O que importa é que nosso futuro é negro. Vejo apenas nosso caos urbano entrando em colapso e eclodindo num grande sitiamento, gerando uma guerra civil sem mesura histórica. A imagem é mais ou menos a seguinte: nosso país tem câncer nas mais variadas localizações. E eis que todas crescem absurdamente a ponto de explodirem e acabarem com ele, sobrando apenas cicatrizes de um mundo onde existe apenas a terra de niguém. Infelizmente, as poucas possibilidades de salvação conseguimos criar não são suficientes para suprir toda a destruição da ganância humana.


Tudo bem. É uma visão pessimista, é verdade. Me queimem na fogueira se julgarem necessário. Mas não sei se podemos ter uma outra perspectiva em relação as nossas próximas três gerções. O que será de nós, enquanto geradores de um mundo onde as pessoas não poderão sair nas ruas, e no qual provavelmente teremos um toque de recolher? O que pode acontecer num mundo onde, em grande parte, apenas a discórdia e as intrigas prevalecem? Onde cada um é deus do seu pequeno e ridículo mundo, e Deus, Pai, não é ninguém a não ser um simbolo de uma religião quase extinta e desacreditada.




O mundo tornou-se grande demais e sobrou pouco espaço para os diplomatas e sua politicagem. Voltamos à era da força bruta. À era da boa e velha lei da mãe natureza, que sabe muito bem o que faz. Ao menos optou pela direção certa pra sobreviver: a humanidade ter de pagar pela trilha do desenvolvimento, da produção inconseqüente de tudo, da visão do crescimento individual.
Um dia ela poderá descansar em paz.


Pedra. Água. Ar.
Energia.
Passado. Futuro.

Morte.

Semente.

Vida.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Mênade de ébano


Me encanta,
Me fascina.
Me tortura e
Me abomina.


Um súbito lampejo de furor báquico
No alto de uma torre não tão alta.


Palavras tão suaves e doces
Como apenas ela
Saberia usar.


Lá, sentava-se tranquilamente.
E como que assim, de repente
Me veio assaltar.


Logo começou o ritual!
Sem sacrifícios e sem demora.
Fora ali e fora agora!


Sedento e esfomiado!
Saciaram ambos a fome
De um momento que gritava
Quase esgoelado.


Acabado o transe
Foi resolvido voltar ao acordo.


Passados breves momentos,
Novamente ela atacou.
Mas não furiosamente.
Assim o fez e assim me calou.


Tomou-me nos braços e tornou-me menino.
Criança que chora
Despedaçando-se em perplexo desatino.


Criança que ama de alma e corpo.
Mênade que ama de corpo e alma.


O que ambos possuem em comum
É a vontade de viver e serem vividos.
É a simples e natural vontade humana
De sempre estarem juntos e nunca divididos.


É impressionante como as coisas acontessem de acordo com nossas atitudes, não importando que tipo de coisas elas sejam. Por exemplo: vou à padaria comprar um pão. Até aí sem mistérios. "Oito pães, por favor." Simples assim. Frio assim. Indiferente assim.
São pessoas que lá estão ano após ano e nem ao menos um bom dia lhes entra direito ao ouvido, seja da minha indiferença ou da dos outros.
Acho que nós podemos estar acostumados com tal tratamento.
Há quem diga que precisamos ser educados, mas hoje em dia, não parece ter muito diferença. Edução se tira do bolso e se usa como se fosse um celular. E um daqueles sem o menor requinte e que muitos até não fazem a menor questão de mostrar.
Quem sabe um dia, quando estivermos mais a vontade com nossos vizinhos, funcionários, trabalhadores, e todas as outras pessoas que sejam dignas de algum respeito, ao menos um "Bom dia!" lhes faça soar como deveria, e não tão forçosamente.
Ou se ao menos as pessoas soubessem a verdadeira siginificação de "obrigado" já seria o suficiente. Ninguém sabe mais porque agradece, apenas o fazem mecanicamente, por ensino e uma suposta educação. O agradecimento é uma forma de se mostrar OBRIGADO a servir aquele que lhe serviu um favor. Seja este de pegar alguma coisa, ou num lunguajar mais atual, de lhe emprestar algum dinheiro, ou de...sei lá, doar uma camisinha, ou um fio dental.
As pessoas de verdade dão valor a cada palavra dita. Não importa o tom ou a veracidade em que foram faladas, foram palavras escritas na memória de muitos, ou até mesmo poucos. Encare como rancor se quiser, não me importo. Mas o importante é fazer com que as pessoas reconheçam o poder que as palavras tem!
Infelizmente não me enquadro como uma pessoa das mais educadas, mas sempre que posso me utilizo do meu celular, que apesar de ser um pouco velho, ainda funciona que é uma beleza.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Um ano quase dois.

Ali, atordoada ela estava. Sem saber o que fazer perante tamanho e avassalador desejo. Precisava amá-lo, tê-lo em seus braços, prendê-lo em suas pernas. Ser dela. Mas sua timidez, aquela disfarçada pela mocidade, impedia que ela saltasse como um tigre faminto sob seu alvo, que papagaiava distraído sem ao menos se dar conta de que estava sendo observado.


Mas não importava. Ela o teria de alguma forma. Passados alguns dias após uma primeira aproximação, já estavam juntos mas por pura vontade de se avetnurar nesse mundo maravilhoso e desconhecido, e descobrir quem eram as criaturas que nele estavam, fossem elas quem fossem.


Seguia atenta a cada detalhe, a cada movimento e olhar. Vivenciando acima de tudo. Parecia fascinada, como que por encanto por aquele ser magro de olhos fundos e largados. Usava, dia após dia, suas artimanhas para se aproximar cada vez mais dele. Contudo, não sabia que ele era apavorado e inseguro como uma dessas criaturas marinhas de coral, que ao primeiro toque se encolhem e lá ficam até sentirem-se seguras outra vez. Ele não estava acostumado ao ritmo dela. Não era calmo, mas também não era parado. Não era rápido, mas também não era devagar. Era o jeitinho dela. Só dela e que ele, ao que parecia gostava bastante.


Desabituado, acabou cedendo à insegurança que emana de suas ventas e achou por bem acabar com aquele romance de altos e baixos. Ela não acreditava que ele estava fazendo isso. Era impossível! Não depois do que passaram. E ainda assim ele o fez. Com a certeza absoluta de que seriam grandes amigos. E todos sabem que só os idiotas tem certeza do que dizem. Mesmo assim, lá no fundo ela sabia, que de alguma maneira, ele acabaria voltando pra ela.


Deixaram de se falar, como é da natureza humana, que apesar de não poder ser regrada, segue as suas próprias leis. Encantado com o novo mundo, ele continuou seguindo como criança numa loja de brinquedos. Pegando as coisas e descobrindo a mágica de cada um deles. Nem sempre brincando, mas observando detalhadamente. Com o passar dos dias ele foi descobrindo como funcionava aquilo tudo. E lá, num lugar fora do alcance de sua visão, estava ela. Triste, mas esperançosa e entendendo, assim como ele, como a vida funciona e que mesmo depois do leite derramado é importante pensar que a vida continua e que a vaca ainda não morreu.


Passado mais algum tempo, voltaram a se falar e tornaram-se amigos como anteriomente. Talvez até mais. As brincadeiras, as risadas, a alegria, tudo como era antes do primeiro beijo, exceto pra ela, que sentia ainda no peito a vontade pulsando com uma fome sem mesura e acreditando que ele nem desconfiava de nada. De fato, quando se olhamos para o sol ficamos cegos por alguns momentos. E assim ele estava: cego. Cercado de tudo e todos, mas não enxergando o que estava a meio palmo de seu nariz, que diga-se de passagem tinha bem mais que meio palmo. Prosseguiu com sua vida lembrando sempre dela e de todos os momentos que tiveram juntos. E que também andaram tendo depois dessa reconciliação.


Mêses se passaram e acomodaram a amizade entre eles. Sem que se vissem com a mesma frequência, foi deixando-os mais confortáveis as suas condições. Ela mudara muito desde os últimos encontros. E ele? Não mudara tanto assim. Apenas continuava a observar, mas agora sob uma outra perspectiva. Mais sensitiva e perspicaz que antes, porém, ainda bem homepática sobre tudo. Seguiram-se mais alguns encontros não tão homeopáticos quanto a visão dele, e tão intensos quanto a visão dela, mas bem satisfatórios para ambos.


E conforme o ano corria, ela também foi abrindo seu olhar pro mundo de uma forma tão ampla quanto a dele. Destinguiu muitas das coisas que enxergava, tanto de longe quanto de perto. E dessa vez sendo bem mais cuidadosa com suas escolhas sem deixar de ser ela. Única. Os olhos mais vívidos e os passos mais firmes faziam com que ela sentisse a sensatez necessária à loucura. E ele foi se perdendo por um caminho que acreditava ser o certo. Mas, voltou a recorrer ao velho vício de se enganar, vendando os olhos e brincando de cabra-cega como quem troca as roupas íntimas.


Outro ano se iniciava, e o tão esperado reecontro depois de tanto sem se verem. Lá estava ela, tão mudada aos olhos dele, e ele tão o mesmo aos olhos dela. Tentou puxar um assunto aqui, outro lá, mas nada adiantou. Ele estava com uma menina que julgava ser a de seus olhos, e que assim como ele, vivia na mesma velocidade. Ela sabia que com o tempo, iria ruir, mas deixou-o brincar como o de costume. E lá ele foi outra vez, vendando-se e esbarrando com alguém a muito conhecida, mas que também continuava tão igual quanto ele. Desiludiu-se e tentou seguir achando as relações complicadas demais para uma pessoa que possui o dom divino de possuir um pênis e um cérebro, mas pouco sangue para servir a ambos. Enquanto ela continuava a espreitar como todo bom caçador faz, esperando até o momento preciso. E assim ela fez. Afinal, só o cume interessa, não?


No momento certo, declarou suas palavras estratégicamente. E sabia que ele cederia. Na verdade não sabia ao certo, mas não aguentava mais tamanha divisão entre os dois. Estava louca e sedenta como nunca estivera. Mandara todos os sinais possíveis e passíveis de entendimento humano, achando que ele não entendia. Ele, por sua vez, sentiu no ar essa vibração tão voluptuosa, que não sabia onde esconder suas vontades, então engavetava-as no fundo de algum lugar que só ele sabia onde ficava. Assim seguiram por volta de mais alguns dias.


Hoje estão juntos mais uma vez. Sem saber direito qual rumo tomar. Apenas seguem suas vontades e bom senso. Gostando, como sempre gostaram, um do outro. Deixando que o fio da relação se teça sem que estejam regrados pelos enquadramentos que todos conhecem. Os enquadramentos são as regras criadas pelo homem, mas cada coração faz suas próprias leis. Quantos romances já não foram escritos! Quantas novelas! Quantos filmes! E não há nada mais essêncial que a poesia. Sem poesia não há vida! Eles acham saber o que fazem. E você, sabe?

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Do são e do louco



"Acho que me precipitei
Quando me esqueci do futuro
E guardei meu presente
Num lugar que nem sei.



Posso até ter jogado por cima do muro
Ou largado numa névoa
Luminosa e obscurescente
Que esvaiu-se antes de mim.



Nem sei o que perdi!
Mas nunca me esqueço de esquecer
O que era pra ser lembrado.
Mas...o que era mesmo?



Ah, lembrei!
Não, não...acho que não sei
Em verdade provavelmente não verei.
Acho que foi ficando por ali
Perto de um lugar onde nunca chegarei.



Entre o são e o louco
Eis que o segundo
É o mais sábio.



Porque mesmo sendo louco,
Varrido ou pouco,
Das emoções é o mais hábil.



Porque ele sabe,
Contudo, não vê. Não viu
O que de dentro das pessoas
Do mais profundo da alma,
Saiu."

Sinto vontade de escrever de novo, e tudo devo a minha musa! Tudo funciona, só espero que Dioniso venha daqui a bom tempo a nos perturbar.

sábado, 4 de outubro de 2008



Ela olha pra mim, com aqueles olhos
Tão claros, tão escuros
Tão belos e tão profundos.

São olhos de menina, de mulher,
Olhos, de quem sabe bem o que querer.
Mas que ao mesmo tempo
Não decidem, não sabem escolher.

E nessa molecagem vibra
Uma aura de energia pura e intensa
Das cores mais variadas
Das sensações mais extensas.

Um ataque! Rápido, mas sutil...
Como se já espreitasse a espera
Do momento certo
E da vítima pueril.

Vítima que se deixa vitimar
Pela amada por horas a fio
Sem ao menos contestar
O porque do vigor tão bravio.

De súbito uma reviravolta!
A vítima torna-se agressora
Numa avidez nunca sentida.

Bate, espanca, esbofeteia e grita.
Como um animal feroz
Destroçando a pequetita.

Por muito esse ciclo permanece
E por muito irá permencer
Mas pra quem quiser saber o final da história
Que viva e que deixe viver

O sentimento, aquela voz baixinha
Que sempre nos disse o que fazer
Na hora e no momento certo.

Por vezes irritante, por vezes agradável.
Apenas ouça, faça, ou seja.
Duvido que um dia não irá ser grato.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Humanicidade



Da nobre alma que voa ao máximo
Da pobre calma que exala ao tácito
As coroas que emanam cores
Em abstrações repentinas de extâse



Assim louvo aquele que me enlouquece;
Assim ouço aquele que me possui.
Vai, ó crianaça, dançar nas montanhas,
Pois lá está a luz que teu espírito destribui.



Tão selvagem, tão reluzente.


Resplandescente baquidez.



E ao mesmo tempo tão carente,
Que se desfaz em placidez.


De que presta esse mundo,
Se de orgias não vivermos?
De que presta nossa alma,
Se não ouvimos seus lindos termos?



Como vozes que sussuram
Ao pé do ouvido as vontades
Que se anulam e cancelam
E que na lacuna completam



Nossas vidas tão pífias
Vazias e pequeninas.
Comparada a grande vastidez
Que habita o mundo da insensatez.


Huxleyrismo



Ultimamente tenho parado pra pensar qual dos rumos caóticos e apocalípticos a humanidade iria tomar. Depois de ler e assitir algumas coisas, pude constatar que nosso futuro será brutalmente primitivo. Algo paradoxal, mas completamente verdadeiro.
Só não pude descobrir que tipo de religião teremos, porque me recuso a acreditar que todos seríamos possíveis devotos de uma entidade satânica, ou seguidores de algum grupo fanático que se diz profetizar as palavras de algum ser divino, que na verdade é um amigo imaginário ou ,de repente, um ser celestial. oO
É difícil abrir os olhos do homem, que adora beber da fonte da vida, sobretudo deixando que o peso da ganância recaia sobre as suas pálpebras fracas e inocentes.
Acredito que os mundos de Huxley, por exemplo, possam tornar-se verdadeiros mas de uma forma um pouco diferente. Ao invés de um mundo pós terceira guerra mundial de sequelas radioativas já não tão futurístas quanto o autor sonhava, visualiso, ainda como ele, um mundo segregado, mas não da mesma forma. Na verdade, mais como o mundo de hoje, mas num lugar onde há, de um lado a extrema miséria, e do outro a visão da extrema riqueza. Como se opusésssemos algum país da África central com um país do norte europeu exatamente dessa forma: um ao lado do outro. Um ascendendo bruscamente e o outro afundando nas sua própria fome, mas com esse tipo de miséria e de riqueza levado ao cúmulo do extremo absurdo.
Acabaria surgingo um mundo, onde haveria a suposta civilização e variados povos bárbaros que a circundam e que são extremamente numerosos, visto que atualmente, e na verdade já a algum tempo, a menoria que sempre prevaleceu foi a endinheirada. Haveriam muitas das cortinas de ferro, ou então essas cidades pobres e esquecidas seriam enterradas vivas, ou até deixadas para um mundo inferior como profetizou Huxley. Imaginem o dano que estamos causando, não só ao nosso planeta, mas a nossa própria civilização e cultura (se é que podemos afirmar que ainda temos uma)!
Talvez estivesse certo aquele que disse que a política e a religião foram invetadas, de certa forma, para acabar com a vida humana.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Jororoca


Eis aqui um momento de (possível) reflexão. Dentro de nós, abstratamente falando, temos nossa alma e nosso espírito. São coisas completamente diferentes mas que ressoam como uma única coisa no ouvido da galera. Encaremos o termo "estado de espírito", certo? Então, o que exatamente ele remete a alma? Quase nada. Ele demosntra o que a alma sente? Não. Mas voltando à expressão, estado de espírito, temos isto geralmente descrevendo como nos sentimos, e não como a alma se sente. Sim, a alma está em nós, mas ela não é exatemente o que pensamos que ela seja. Agora eu tenho certeza absoluta de que você vai, no mínimo, parar de ler, fechar essa janela e ir fazer alguma outra coisa mais útil, mas antes que vá, deixe dar uma definição rápida e muito restrita do que é a nossa alma: é um espelho que situa-se num lugar escuro, onde se refletem todos os eus de todos nós, incluindo os que nunca vimos, e que lá estão apenas esperando uma oportunidade de darem um passo à frente. Pronto. Agora para (pifiamente) definirmos o espírito, podemos tratá-lo da seguinte forma: um quase insignificante fragmento desse espelho onde pode-se notar como parte de nós se sente. E é exatamente na profundeza de minha alma que quero chegar. Não ver o que está lá, porque acho que poderia enlouquecer como qualquer outra pessoa, mas quero estar lá, ter a sensação de me ver sem ser eu mesmo. Escrevendo temos a impressão de que somos outros, de que podemos ser quem quisermos, de que podemos fazer o que quisermos. Na verdade quando escrevo, gosto de mostrar imagens que surgem na minha mente de uma forma talvez floreada, mas que não consigo encontrar outra de exprimi-las. E sendo assim, encaro-as como um pedaço de alma que vai embora mas que regenera-se contra minha vontade. E diante disso, torno-me impotente, mas feliz de ter expressado um pedaço de mim. Mas é como uma chama que se esvai, deixando apenas a brasa para arder até que seja reacendida por alguma força. E é exatamente nesse estado apático que me encontro. Sem fogo, sem história, sem perturbação. Apenas numa jororoca que parece perpétua.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Amigos e amores

"Entre amigos e amores
Se fosse obrigado a escolher
Escolheria ambos se pudesse
Mas se tivesse que ficar com apenas um

Viveria amargado

Sem ter como escolher.

Divido entre o amor da amizade

E o Amor apaixonado.




Depois de peregrinar por lugares

Onde as águas são mais azuis

Que os olhos de minha mãe.


Onde o ar é mais claro

Mais limpo que o de casa.


Onde as pessoas são alegres e despreocupadas

E mostram a leveza de uma vida pesada


O tempo me mostrou

A amizade e a boa vontade

De todos aqueles que nos cercam.






É algo indiscritivelmente belo.
Não se compara a nada que tenha-se visto na face da terra.
E repito: Entre amigos e amores,
Se tivesse que escolher.
Acabaria por morrer de dores."





domingo, 8 de junho de 2008

CHEGA!

Tudo está como deveria estar. Na mais perfeita ordem. Entediante. É preciso inovar. E rápido. Mas como inovar? De que jeito? perguntas.


Sempre há uma saída. Uma porta infechável e inabrível que está apenas esperando um relance de olhar, para que sua existência seja, por fim, finalizada. Uma saída para um lugar distante dessa ordem, um objeto que permeia esses dois lados e que torna a nossa vida, vida.


Seja trepando numa árvore e se despindo até recuperar-se a sanidade, seja subindo num alvo corcel, e passeando pelas ruas completamente despido, ou escalando muros, saltando prédios, e gritando epiléticamente. Mas que seja.


É hora de inventar moda! (como diria minha avó). De quebrar o diamante. Que fora esculpido por um irmão feio e acabrunhado, atado à ponta de um aparato, que de tanto girar, faz-lhe trazer as imagens de algo perfeito. E assim molda seu irmão mais novo. Perfeito, único sob todos os ângulos.


Como o agora. Como esse agora.


Que Dioníso ou Loki me tragam uma taça de vinho que me entorpeça em cumes de loucuras. Tragam-nos ambos, seus barris de felicidade e esparramem pela vida dos homens, para que estes, que por vezes ficam nesse estado letárgico, recebam uma pequena dose de insano distúrbio.



















Amém.




"He is too dangerous to be left alive!"
Mace Windu no auge da cegueiritude da irmandade que seguia.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Belmôndega (Oo)

"Certa vez conheci uma garota
Que parecia ter mais manias que eu
Com todas as minhas compulsões.

Não tardou muito até que essa marota
Surrupiasse um pedaço meu
E me inchesse de desmedidas sensações.

Ela é assim:

Meio claustrofóbica,
Como uma almômdega enmacarrolada.
Um pouco desesperada
Como um nó que liga um fio com nada.

Às vezes fica um pouco nervosa.
Mas nada muito apoplético.
Tudo que ela faz me torna patético,
Lerdo, adimirando-a com seus óoculos rosa.

Vendo num mundo todo retrô,
Coisas novas e amareladas.
Fico até espantado quando vejo um dodô
E ela me diz cores meio torradas.

Cheia de traquinices e manias.
Assim é essa moleca,
Que cheia de gracejos e meninices
Me enche com tantas loucas e ricas alegrias.

Me afino com ela
Ela se afina comigo
Para nessa harmônia
Seguirmos felizes o nosso castigo.

De amar um ao outro.
E do outro,
O mundo."



Uma pausa da história que seguia, só pra postar algo que a muito tempo não escrevo. Sinto um pouco a falta de todos, mas assim sendo, sigo, sento, escrevo e estudo.

Pra todos um beijo, um queijo, e um percevejo sertanejo num lampejo.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

E lá estava a casa. Casa vinte e oito na Rua dos Alferes. Era uma casa aparentemente simples, sempre muito visitada, cheia de gente saindo e entrando a toda hora e minuto. Desde menino passava por ali e me perguntava o que era que tanto as pessoas faziam por ali. Minha mãe e minha vó sempre me diziam, "Isso não é pro teu bico, moleque! Vai jogar bola com os teus amigos que é melhor..." ou algo assim, pra distanciar meus pensamentos, como um cachorro hipnotizado por um pedaço carne a sacudir pelas ventas e a voar rua a fora. E lá ia eu distraído a quicar pelas casas em busca de meus companheiros.

Mas, como a curiosidade é algo intrísceco a alma humana, toda vez que passava por aquela casa, ficava atordoado. Como que por um perfume, que me seduzisse, me empurrasse para suas proximidades e ficasse a adimirar, apenas por alguns mimutos, até achar outra coisa pra poder direcionar minhas idéias.

Lá, morava um sujeito amagrelado, de uns cinquenta anos, negro e alto, de barba amarelada, devido ao caximbo e ao charuto que fumava na janela. Olhos brancos, como nuvens em dias de claros raiares de sol, que vigiavam as ruas na espera de seus "pacientes". Seu Jerônimo era o nome do sujeito. Tinha um urubu guardado numa gaiola que ficava perto da janela que gritava sempre que podia em alto e bom som quando passava alguém que lhe era conhecido o cheiro, ou talvez a aparência.

Pois então, hoje, depois de burro velho, tomei coragem de adentrar naquela casa que pra mim sempre fora tão estranha pra mim. Mas o que me segurava agora? Nada. Apenas minhas pernas, e minha vontade que me prendiam frente aquela porta velha de madeira, com dobradiças já enferujadas pelo tempo. Madeira cheirosa, velha, daquelas que pareci ter acabado de sair da marcenaria do seu Ulisses, também das vizinhanças.

Ao ficar contemplando aquela maravilha do tempo, repentinamente, como que num tiro de carabina pronta pra me acertar, Seu Jerônimo me abre a porta e fitar-me a meio palmo das fuças.

domingo, 25 de maio de 2008

Meu nome é Wilson, tenho 32 anos e estou apaixonado por uma rã. Sim, uma rã. Não sei se conseguiria explicar o motivo exato, mas quem já se apaixonou num primeiro olhar sabe exatamente o que eu estou falando.

Num momento de insanidade fui buscar conselhos de amigos e parentes. Todos, repito, todos riram do meu amor. Sem exceção. Não houve um amigo que pudesse achar compreensão nas minhas palavras. Achei isso uma tamanha falta de respeito e desde então evito falar com pessoas que não me respeitam.

Afinal, o respeito é a base fundamental pra todo e qualquer tipo de relacionemento, seja ele com seus pais, amigos, servidores, ou animais. Lembro-me de um dia em que ditei um voto de silêncio de minha parte. Ao chegar do trabalho, meu pai, antes de abrir a porta de meu quarto, viu um bilhete no chão com o seguinte dizer: VOTO DE SILÊNCIO, NÃO PERTURBE. Como ele já estava um tanto irritado com algumas traquinices do trabalho, aquilo foi o estopim para algumas flaneladas catárticas nas minhas pernas finas de criança iludida. Pois bem, esse meu ato foi por ele considerado falta de respeito. E desde então aprendi a respeitar. Pelo menos algumas coisas. Acho eu.

Depois disso, pensei muito. Pensei durante uns 3 meses sobre o que fazer com aquela rã do riacho, que lá estava, sempre a minha espera ao entardecer. Analisei bastante a idéia e sem hesitar mais, fui a um macumbeiro que ficava a alagumas quadras de minha casa.

Nunca acreditei muito no poder da religião, mas o amor nos remete a fazer as mais absurdas loucuras. Estava realmente certo de que aquilo iria me ajudar. Pobre menino iludido. Sempre acreditando na ilusão de que tudo pode ser feito se houver fé. Essa coisa poderosa que existe dentro de nós e que poucos realmente a possuem. Digo isso porque tenho e tive muitas tias beatas. E de todas elas, nenhuma parecia detentora de uma fé verdadeira. Acreditavam como todas as pessoas acreditam no que a religião, independente de qual for, lhes catequizava. Mas a fé vinda da alma, é coisa rara.

sábado, 17 de maio de 2008

Bel a noite.


"Passam dias.
Noites frias.
E nada de você.

Sinto sua presença
A cada segundo,
Respirando ao meu peito
Aliviada ao reencontro.

Sempre a esperar,
Fico aguardando
O tal maravilhoso dia.

Passam dias e mais dias.
Noites e mais noites.
E tudo que passa
São pessoas e mais pessoas.

Nos transportes públicos.
Nas vias públicas.
Pessoas e mais pessoas.

Mesmo com tanto pra pensar
Tanto pra fazer, cada passo
Cada olhar, cada pessoa

Só me lembra você.
Uma figura única de obsessão.
Um simbionte mental que usurpa de minha mente
E que faz ela funcionar ao nosso bel prazer.

Que com aquele olhar relaxado
Sem pensar em mais nada
Se não naquele agora.

Um agora que já foi.
Que pra ficou no ontem.
Esperando a chegada de um amanhã
Esperançoso de tornar-se o hoje."

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Terêncio

Uma pseudo-leitura de:

O Eunuco

Ato V

Cena V

Entra a falar sozinho, o Velho, pai dos protagonistas.

VELHO – Assim, perto do campo, é que é maravilhoso de morar. Quando me farto da cidade, mudo logo de lugar. Ora, se ali não vejo Parmenão? Mas é ele mesmo. (Voltando-se a Parmenão) De quem estás à espera, Parmenão, aqui diante de nossa porta?

PARMENÃO – Sinto-me feliz por chegares em boa saúde, senhor.

VELHO – De quem é que estás a espera?

PARMENÃO – Estou perdido; minha língua paralisa de medo.

VELHO – Hein? Por que tremes? Está tudo bem? Diz-me!

PARMENÃO – (apavorado e hesitante)Senhor, primeiro queria que acreditasses no seguinte: tudo o que aconteceu não foi culpa minha.

VELHO – Mas o que foi?

PARMENÃO – Tens toda a razão de perguntar.(respira fundo e continua) Fédria, seu filho, comprou um eunuco para dar de presente.

VELHO – A quem?

PARMENÃO – A Taís.

VELHO –(arregala os olhos) Comprou?!(palmada na testa) Estou perdido! Por quanto?!

PARMENÃO – Por vinte minas.

VELHO – Estou arrumado.

PERMENÃO – Além disso, seu outro filho, Quérea, está apaixonado por uma tocadora de lira.

VELHO – O que?! Está apaixonado? Por acaso ele veio pra cidade? É uma desgraça atrás de outra.

PARMENÃO – Patrão, não olhes pra mim, ele não fez isso instigado por mim.

VELHO – Pára de falar de ti, patife...mas conta-me primeiro tudo, seja o que for.

PARMENÃO – Ele foi levado pra casa de Taís em vez do eunuco para que pudesse se aproximar da amada.

VELHO – Em vez do eunuco?

PARMENÃO – É verdade. Depois prenderam-no lá dentro como adúltero e amarram-no, para lhe fossem arrancados os meios.

VELHO – Fudeu! Ainda falta alguma desgraça ou perda que não tenhas me contado?

PARMENÃO – É só isso.

VELHO – (irritado com o escravo) E o que é que eu estou esperando pra entrar na casa de nossa vizinha cortesã?

PARMENÃO – Algo me diz que vai sobrar pra mim dessa história toda. Porque fui dar idéia ao menino. Agora é que me lasco de vez!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Pequenos Olhos de Tartaruga


Dá-me palavras meu âmago!
Não quero ficar sem escrever.
Essa angústia acaba com a minha alma
E, por dentro, corrói todo meu ser.

Não como homem, nem como máquina.
Mas um crescer jovem, infantil
Que todos temos dentro de nós.
E que se escangalha de tanto rir

Dessas palavras que nos percorrem.
Não sinto artificialidade.
Apesar de meio maquinado
Vôo com as cócegas para bem longe.

Por aqui venho apenas comunicar
Que a partir de hoje sou outro.
Aquele que ontem, já não era
Passa a anunciar aurora de falar.

Aquele que não dizia nada,
Hoje, é obrigado a catar letrinhas.
Como que num milharal a ventar
Buscando pequenas agulhinhas.

Que voam e flutuam sem ferir
Estourando em mil teclas.
Mostrando não só as letras
Mas também realidades imagéticas.

Invisíveis aos olhos do homem,
Palpáveis aos sentidos dos animais,
E por crianças alegremente absorvidas,
Cantadas com vigor e nostalgia

De um recém nascido que grita
Com pavor dos frios e das vidas.



Sem o menor pique de inspiração. Escrevo pra tentar mostrar que não abandonei o blog. Só espero que funcione. A todos um grande abraço cheio de saudades.

Na foto apenas um filhote aleatório, que a muito tinha encontrado.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Saudades Desmesuradas.

Às vezes, assim, só às vezes sentimos uma vontade inexplicável de chorar. Pode ser por angústia, por amizade, por carência ou só por um problema que pode ter sido inventado por nós naquele exato momento, só para expormos nossa sensiblidade emotiva ao mundo.
Não foi o meu caso hoje.
Ao entrar no rotineiro ônibus, ouvindo as músicas de sempre, nada acontece de extraordinário. Passa a viagem, até então se chegar na altura do Palácio Guanabara, em Laraneiras. Foi então que tudo começou.
Toccata e Fuga em Ré menor, de Johann Sebastian Bach. Não importa aonde eu esteja, ou o que diabos esteja fazendo, essa música sempre vai mecher com a minha pessoa. Não, com a minha pessoa não, com a minha alma seria mais cabível dizer.
Mas dessa vez, não foram apenas as notas, o contraponto, ou toda a mágica de Bach que me emocinou, e sim a visão do meu querido velho aos órgãos das inúmeras igrejas que ele já havia tocado.
Me atei a essa música com a mesma intensidade do ódio de uma louca Medéia, mas não obcecado pela raiva, e sim pela paixão daquele precioso momento.
A visão. As mãos. Meu pai, ali, tocando na minha frente. Me agarrei o quanto pude a sua figura.
Me delicio em cada compasso, em cada acorde, em cada nota. Ele muito concentrado, toca com leveza e agressividade num orgão simples, com uma expressão de felicidade perpétua sem, em minuto algum, abrir os olhos. Talento inato é uma merda. Que inveja. Que saudade.
Derramo lágrimas de alegria, por poder rever o velho tocando tão tranquilamente uma música de tão difícil execução.
Ao terminar a música me deparo com a saída do túnel Santa Bárbara a luz da manhã iluminando o Catumbi. Mas infelizmente outro murro no estômago me aguardava na música que se seguia.
Show do Pink Floyd, Pulse. A primeira música: "Shine On You Crazy Diamond". Porra, puta que me pariu(que minha querida mãe me desculpe)!"Desculpe meu amigo, mas não dá pra segurar." Chorei. Puta merda, como chorei.
A cada palavra que David Gilmore falava, escorregavam pelas minhas ventas cada momento que passamos juntos. Tá, talvez "cada" seja realmente um exagero, mas alguns bons e outros horríveis.Mas ainda assim momentos inigualavelmente memoráveis. Desde as viagens, das besteiras, das risadas, até as brigas, os tapinhas e por fim a visão do "olhar como dois grande buracos no céu."
Infelizemente não tenho fotos dele para aqui postar, mas espero que quem se lembre da figura dele, ao ler minhas palavras aqui escritas, possam ver tão claramente a imagem do Tio Vitor tocando, rindo e falando as besteiradas só pra poder ouvir aquelas belas risadas das crianças que ele amava tanto quanto os próprios filhos. Palavra de quem também já foi aluno dele.

Saudades eternas de uma família quase desmembrada por sua falta.

Shine on you crazy diamond.

Acho que fiquei assim por ter visto o Império Contra-Ataca ontem. A palavra pai é repetida muitas vezes no filme. É. Vai ver foi isso.

Babaquinha,né?

A todos, um grande beijo e abraço.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Shaman e a Trilha dos Invertebrados

Era uma tarde de sábado. Um tempo razoável, desses em que sentimos um pouco de frio, mas não um frio tenebroso, apenas confortável. Segui-se um dia normal e tranquilo com alimentação corriqueira de aranhas que eram perturabadas por pessoas pertubadas.
Por volta de umas nove horas da noite, quando tédio atinge o seu auge, tres perturabados perturbadores concordam em vagar pelas ruas do bairro de Teresópolis, Albuquerque, que recentemente não tem recebido muitas visitas de seus jovens filhos pródigos, a não ser desse único indivíduo que leva sempre alguns de seus companheiros urbanos para o meio do bucolismo serrano.
Depois de todos devidamente prontos para a saída, foi-se buscar uma pobre vodka de aproximadamente uns quatro meses de idade, infelizmente já no seu final de vida, esperando o arremate final.
Saem de casa sob a luz de uma lua cálida e amarelada que brincava de fugir de nuvens sapecas num céu estrelado, num frio não tão confortável quanto o da tarde e com tudo(ou quase tudo) que precisariam em mãos: uma camera, uma garrafa de Coca, outra de vodka e um humor de dar inveja a palhaços circenses no melhor de seus dias. Com a aparição de figuras como o famoso Cap. Baltazar e seu macumbeiro companheiro Maboula, a rua pela qual andavam ganhou um nome curioso: a trilha dos invertebrados.
Reza a lenda, segundo o capitão, de que um tesouro foi lá enterrado por ele, e que nenhum homem jamais voltara de lá com suas devidas vértebras. Segundo ele subiram com o Estrume Veloz, seu navio, e que toda regra tem sua exceção, pois depois dele haver perdido uma perna, um olho, e cinco mares, não tinha perdido sua coluna.
Pouco depois de voltarem a realidade, os três se depararam com a figura de um cão aterrador. No momento, um frio na barriga toma todos, mas com o clarear da aproximação dessa figura, eles viram um velho companheiro de outras guerras: Shaman, um cão de rua que perambulava pelas redondezas, estava agora presente e fazendo a alegria do momento. Fotos. Muitas fotos. Felicidade jorrava pelas ventas de todos.
Segue-se o caminho. Depois de passarem por algumas bifurcações, deparam-se com uma placa em mais uma bifurcação que dizia "Rancho Raphael" para um lado, e para o outro lado " Estrada Rodézia". Concordaram em seguir o caminho para o Rancho onde seguiam agora uma estrada de terra batida, sem iluminação.
A escuridão e apenas a iluminação da lua na terra eram suficientes para deixar a sensação de liberadade fluir adrenalinissímamente por todas as partes do corpo. Os casarões antigos nas colinas marcavam a presença de pessoas endinheiradam mas aparentemente sem companhia.
Numa encruzilhada logo a frente, seguem-se agora quatro caminhos, tres pela estrada de terra, e um por uma trilha quase fechada, ou pelo menos ao que sevia naquela escuridão engolidora de homens. Tomaram o caminho com mato e sem luz, tão escuro quanto o anterior. Levaram um tempo para habituarem a visão aquela timbragem de luz, mas depois de uns dez minutos de caminhada com os olhos vidrados e atentos a qualquer tipo de movimento ou som, que viesse da frente, dos lados ou de traz.
Alguns latidos distantes se ouviam, mas nada que merecesse a devida atenção. Mas seguiram, cada um com um tipo de confabulação diferente sobre o que possivelmente lhes aguardaria a frente. Quem sabe que tipo de figura eles poderiam encontrar? Um louco varrido, um bebado, um doente ou talvez, mas muito talvez mesmo, um alienígena.
Shaman infelizmente, não cumpria seu papel de cão caçador, mas sim o seu papel como cão de rua, marcando seu território e buscando algum tipo de quitute saboroso que apetecesse seu paladar naquela hora da noite, simplismente despreocupado do que possivemente lhe poderia acontecer. Muito ao contrário de seus amigos que agora estavam quase gelados de pavor, ao ouvirem cada vez mais perto alguns latidos de cães rândomicos, porém notavelmente grandes.
Ao passarem pela placa onde se mostrava a subida do rancho, Shaman mostrou uma coragem atrevida, ao latir para um cachorro que latia de dentro de uma casa em frente ao rancho. Mas devido ao breu, não poderia se saber se os portões estavam abertos, fechados ou apenas enconstados.
Deram meia volta.
Assim, de vota a encruzilhada, tomaram o outro caminho que dava em algumas casas, todas devidamente guardadas com seus respectivos cães, grandes como titãs que aguardavam vingança contra os deuses do olimpo por seu aprisionamento.
No meio dessa estrada, um "pequeno" cão os segue, vindo de uma casa provavelmente e alcança Shaman e seus companheiros, não correndo,mas apenas trotanto. Ambos se farejam. Os tres dão meia volta com muita calma para não despertarem atenção do cachorro e continuam a andar, com uma calma trepidada pelos saltos dos corações assustados.
Shaman volta. Sozinho. Todos começam a ouvir latidos e uivos vindos de todos os lados, e os passos apertam, junto com os pulos que fígado dava ao ser atingido pelo coração que pulsava forte de susto.
Não se sabia o que poderia acontecer dentro de cinco, dez, ou até trinta segundos. Tudo que se ouvia eram cães latindo de todos os lados. Tudo que tinham em mãos eram garrafas e pedras .
Um pouco a frente, um boxer latia por cima de um muro sem grades, como um bebado em frenesi a gritar sem parar que quer continuar a beber sem que ninguém lhe possa impedir nem mesmo seus reflexos alterdos devido ao peso do álcool no sangue.
Os quatro passaram pelo cachorro rezando para todas as entidades para que o bicho não saltasse do muro.
Passaram por ele. Mas infelizmente Abyssus abyssum invocat(um mal chama por outro, ou nas minhas palavras, como sempre gosto de repetir, se pode piorar, vai piorar.)
Alguns metros a frente numa casa que parecia estar abandonada, haviam pelo menos cinco cachorros, grandes, espumantes, latindo freneticamente e rosnando como que se tivessem avistado pedaços enormes de comida.
Sem pestanejar, continuaram no mesmo ritmo de caminhada em que estavam, aumentando apenas a esperança de que nenhum dos cães os seguisse. Mas infelizmente a técnica divina falhou. Um deles veio atrás como quem caça a espreita, mas Shaman aparentemente foi mediar a situação. Todos agora prezavam a vida do bravo cachorro, mas tudo que podiam fazer era esperar que Shaman voltasse vivo da barganha.
Eis que surge na esquina a figura despreocupada de Shaman que parecia saber desde o começo que os tontos iriam se meter e alguma furada pelo caminho, e que na língua dos cachorros sábios de rua, comunicou aos outros cachorros esfomeados que os humanos burros haviam se perdido e que estavam bebados demais para encontrarem seu caminho de volta pra casa.
Depois disso segui-se o caminho de volta com muita calma e alívio, vendo todos sãos e salvos de todo tipo de mal que lhes pudesse ser trazido. Chegando em casa, cachorro se viu no luxo de pelo menos ganhar um agrado, mínimo que fosse pelo salvamento das figuras abobadas.
E assim, as figuras recusaram-no o requinte e batera-lhe com a porta nas ventas. E o cão, agora arrependido, volta com suas orelhas a abanar pela noite, e seu rabo a balançar de um lado para outro, esperando um lugar onde lhe possa ser agradecido seus feitos.


Na foto, uma das placas que encontramos no meio dos caminhos.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Juro que eu ia postar alguma coisa, mas me esqueci completamente do que se tratava...enquanto isso:

"Uma mente vazia vagava, torta a caminhar pela rua, até que encontrou uma caixa! Esquisita...azul...mas, fechada.
A mente pensou e pensou, mas não chegou a conclusão nenhuma. Até porque estava plenamente parada em frente a caixa todo esse tempo.
O baú azul arregalou dois enormes olhos esbranquicados, abriu-se e instantâneamente começou a berrar feito uma vaca louca.
A mente sofreu um infarto agudo do miocárdio e morreu na hora, sem ao menos saciar sua curiosidade.
A caixa?! Está aqui. Quer ver?!"

































Ah, sim! Gostaria de comentar um pouco a respeito dessa semana um tanto turbulenta.

Segunda - Notícias ruins a cada momento do dia, mal se dava pra respirar(é só notar o post anterior);
Terça - Dia normal;
Quarta - Bel no fundão! Uma aventura de baixo de chuva. Na verdade não me lembro se isso foi na terça ou na quarta, mas isso não importa agora;
Quinta - Dia interamente sacal, mas um pouco produtivo;
Sexta - Viagem para Teresópolis com a morcegada.

Com sorte, ainda hoje, o Palito(vice-campeão de sinuca teresopolitana)autografa meu taco hoje.

Para todos um grande e supremo queijo!!! E que tenham uma excelente iniciação feriadística!!!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Segunda-Feira










"Vivo um dia que parece eterno.
Cheio de lamúrias estranhas por todos os lados.

À minha direita vejo pessoas sendo atropeladas.
Gente querida, que mesmo desconhecida, não os agarro com as mãos
Mas que com a alma, que lhes faço a merecida recordação.

À minha esquerda vejo um objetivo passar diante os olhos.
Correndo como um beija flor apressado que voa
Por entre assoalhos de flores coloridas e perfumadas.

À minha frente vejo um sonho quase que ficando em preto e branco.
Um filme maravilhoso em cores rodando num cinema cerebral
E que uma nuvem monocrámtica quase que toma a tela.

Às minhas costas a certeza de que passei por mais um dia ruim.
Desses que lembramos só quando estamos sob uma ducha gelada
E pensando em como poderiamos ter feito coisas melhores.
Em como poderiamos ter sido coisas melhores.

Só amanhã vou descobrir se a semana passará atoa.
Porque se depender da Segunda-feira,
Tudo que sobra, é a vontade que já deixou de ser boa."







Aos os meus caríssimos amigos deixo esta porcaria juntamente com uma foto de uma das coisas que geralmente acontecem quando estamos alcançando a porta final da fase de um jogo. E que geralmente só acontece comigo.



Ps.: TODOS sabem que esses arquivos de reademe.txt não servem para porcaria nenhuma. Me refiro aqueles que vem com os jogos, e não com os cracks deles.










domingo, 6 de abril de 2008

Em Delírio




Ouço o grito do silêncio
Ecoando nas paredes
Dentro da minha cabeça

Essa angústia escabrosa
Faz o meu cerebelo girar
Como um mangusto em desatino

Em busca de soluções inexistentes...

Problemas que encontram soluções.
Soluções que encontram problemas.
Mas e o desenrolar encontra o quê?!

Fica lá. Gira sozinho.
Como meu cerebelo
Que se perde num excruciante vazio
De silêncio e escuro.

Magusto cego.
Cerebelo desvairado.
Ambos correm em circulos
Tentando desvelar um passado

Que a muito já morreu
Enterrado com todos os problemas
E todas as soluções
De um lugar sem recordações

De mil e uma resoluções
Silenciosas, porém mortais.



domingo, 30 de março de 2008

Recém Nascido Escárnio


"Não importa a sua cor ou raça,
Muito menos, a que gosto de cachaça
Pense se apegar mais.

Basta um pequeno gole da vitória
Pra sentir dentro de si tamanha glória
E se embriagar com pequenos sinais.

Navegando por espirais,
Helicoidais de carrara bruta.
Onde se esculpem sonhos tais
Para o merecido descanço da labuta.

Respirando fundo esse gosto amargo,
Ensurdecedor como o som de um parto
Vindo de uma criança mal-nascida.

E que como um grotesco desencargo,
É escarrada num gordo mundo farto
De uma gente estúpida e mal-vivida."



No quadro Espanha; Dalí.


Só pra constar, eu não tenho nada contra a Espanha. Na verdade tenho muita vontade de ir lá. Um dia, quem sabe, não nos encontramos por lá!? Acho que devo ter uns parentes perdidos por lá...não sei...mas um dia ainda vou pra lá...nem que seja pra virar um mendigo louco que busca dobrões espanhóis em plena praça pública acreditando ser um desbravador do séc. XV. Será que eu encontraria algum desses por aí?!?!


Queijos a todos!

















terça-feira, 25 de março de 2008

Fleumático




"Fleumatismo infinito.
Sentimento indistinto
Da realidade que nos cerca,
A beira do abismo que os separa.

Miolos e coração
Sempre brigaram
Pelo lugar da razão

Dentro de algo, que mesmo lá,
Os separam.

Agonia constante.
Apatia infante
Duns meros passos perdidos
Em círculos gargantuosos.

Profundamente abismais.
Obscuramente artesanais.
Cavado a mão
Pelas dores de um jogo tolo

Chamado Vida!"





Sem inspirações no momento. Acabo de chegar de um ensaio quase inútil, mas feito por uma boa causa: gravação sexta.


Só espero a quinta chegar duma vez. Enquanto isso...verificando consursos...


No quadro, Carnaval - Joan Miró

domingo, 23 de março de 2008

Pascoalinacimamente de passagem...

Como citei na ultima postagem, foi um final de semana parado, mas pra mim foi muito proveitoso. Simplesmente porque vemos o quanto não damos valor a muitas coisas(essas do tipo que a vovó sempre diz pra dar).


Na verdade eu gostaria de postar aqui, por duas razões nesse exato momento. A primeira, pra colocar aqui uma frase que eu espero que seja útil a alguém que a leia.



...





Pra variar, esqueci o diabo da frase(¬¬"), mas a ideia é a seguinte: nós, sendo seres humanos, temos dois tipos de pensamento, um pensamento vindo da razão, e outro vindo da fé. Ambos funcionam como um só, mas não se complementam por não partilharem do mesmo caminho ao objetivo. Como a vida e a morte, sacam?!?! Tá, essa parte da vida e morte pode ter sido forçação de barra, mas gostei muito dessa ideia de oposto entre ciência e fé, como sempre tem sido até os dias de hoje. Esse pensamento de São Tomás de Aquino reverberou na minha cabeça de uma forma bacana, então resolvi colocar aqui. Se servir de algo pra alguém, fico feliz...do contrário, vão fazer algo melhor do que ficar lendo abobrinhas.





A segunda é uma frase de uma profundidade filosófica tão extrema, que também mexeu com a minha pessoa. Foi dita por uma pessoa a qual tenho um respeito profundo e que também é digna merecedora desse respeito por todos nós, não só por ser o chefe da família dos Noce aerodactilus, mas por ser também um forte guerreiro dessa estrada da vida




O chapêcu está lulu.



Ou pelo menos algo assim.


Um grande abraço pro Tio Pytú!!!


Um queijinho pra todos por essa pascoa.

sexta-feira, 21 de março de 2008


"Vendo meus olhos

Buscando um comprador,

Um alguém que queira o meu ver.


Salgo minha comida

Na esperança de paladá-la,

Na boca de quem resolveu compra-la.


Vou pegar um copo d'água...

Mas também vendi meus braços!

E agora não me restam nem as mãos

Para apalpar uns traços.


Outrora tinha pernas

Que agora tem um outro dono

E que largadas no seu quarto

Ficam lá enfeitantdo o seu sono


Aos poucos vou me largando

Pras pessoas, pros cômodos

Vendo-me sem escrúpulos


E em tempos de cólera carnal

Sobrou-me apenas a cabeça.

Vendi o que achei que pouco me valia

E fiquei com o que mais presava.


E agora o que faço?

Penso e não sinto

Não vejo e não ando.

É tarde. Virei um João-sem-braço."
Viagem pra Tere. Descanso com Mattoso e uma amizade sem igual. Cadê você, que está em Itaipava!??! Mais um fim de semana que se passa, e a saudade aumenta, mas tudo bem. Sempre temos o amanhã. Com ou sem os nossos membros.
Na foto, Guerra Civil, Dalí.
Ósculos anais a todos...

quinta-feira, 20 de março de 2008

Esquecimento...

Mal o blog fora aberto e gafes já estréiam aqui. Realmente impressionante. Acabo de me dar conta de que não dei um nome a poesia citada na postagem anterior*, mas enfim deixa pra lá. Quem sabe numa outra hora, né!??!


Obviamente, como todos nós somos humanos, acredito que vocês já tenham tido a sensação de que está tudo muito calmo. Tudo fluindo bem até demais. Mas infelizemente, o que se pode fazer nessas horas é esperar a tempestade chegar e manter muita firmeza pra não deixar o barco virar...indepentemente do tamanho e do lado que a onda vier. Bom que seja...só espero que mesmo que ele vire, que eu não caia na água.



Na verdade, resolvi postar hoje em homenagem aos cegos do nosso mundo, porque mesmo não vendo as maravilhas que estão diante deles, simplismente podem descrever, com detalhes que nós que vemos, não podemos. E o fazem de uma forma tão rica e magnífica que deixa qualquer um com a cara no chão.



O maior e melhor exemplo que eu posso dar, é o de um senhor cego que afinava o piano de meu velho. Não satisfeito em afinar um piano, ele talhou peças de xadrez e deu de presente pra ele. POOOOOOOOOOORRAAAAAA!!! Vai ser foda assim na casa dum chinês aleijado(sem ofensas a nenhum chinês)!!!



*O nome da postagem anterior é "Numa ilha a voar"...



Ósculos anais a todos,

E muito queijo nessa páscoa!


terça-feira, 18 de março de 2008


"Os pedaços de granito revelam
As mil maravilhas guardadas no passado.
E que através dele desvelam
Caminhos que se dispõem num gramado

Verde, quase que num tom azulado.
Despejado assim. Numa ilha flutuante
Feita de algumas pedras de mármore, de saudades
De um timbre pálido e esbranquiçado

A maciez da grama no corpo
Lembra o leito olímpico das grandes entidades
Que desde tempo imemorias
Sopram nos mortais suas perfeitas insanidades

Custa acreditar que vivemos hoje, assim:
Sem nada. Sem fatasia. Sem querência.
Num lugar feito de cimento, eus e muitos mins.
Onde já não existe mais lugar pra paciência.

Um lugar pra ouvir o som da água correndo
Sem lugar pra cair. Só correndo.
E em nossos ouvidos se perdendo.
Se unindo. Se perdendo.

Dentro de nossas almas
Sendentas por esse líquido singular.
Sendo absorvida eternamente
Pelos mins dos eus de todos nós."

Na foto, um quadro cujo nome ainda desconheço. Margrite, um dos surrealistas que adimiro.