domingo, 26 de outubro de 2008

O que será que será?

Pedra. Água. Ar.
Energia.
Futuro. Passado.


Não, não estamos tratando do Capitão Planeta. Falo aqui sobre um momento de reflexão sobre uma pedra, observando-se o mar, respirando profundamente, e pensando sobre tudo que se foi e tudo que poderia vir.


Tudo corre muito rápido pra percebermos o que está acontecendo naquele exato momento. Pessas poucas, como Cicero ou Bismark, conseguiram enxergar os passos que estavam dando e o rumo das consequências que seguiam-se.


O que importa é que nosso futuro é negro. Vejo apenas nosso caos urbano entrando em colapso e eclodindo num grande sitiamento, gerando uma guerra civil sem mesura histórica. A imagem é mais ou menos a seguinte: nosso país tem câncer nas mais variadas localizações. E eis que todas crescem absurdamente a ponto de explodirem e acabarem com ele, sobrando apenas cicatrizes de um mundo onde existe apenas a terra de niguém. Infelizmente, as poucas possibilidades de salvação conseguimos criar não são suficientes para suprir toda a destruição da ganância humana.


Tudo bem. É uma visão pessimista, é verdade. Me queimem na fogueira se julgarem necessário. Mas não sei se podemos ter uma outra perspectiva em relação as nossas próximas três gerções. O que será de nós, enquanto geradores de um mundo onde as pessoas não poderão sair nas ruas, e no qual provavelmente teremos um toque de recolher? O que pode acontecer num mundo onde, em grande parte, apenas a discórdia e as intrigas prevalecem? Onde cada um é deus do seu pequeno e ridículo mundo, e Deus, Pai, não é ninguém a não ser um simbolo de uma religião quase extinta e desacreditada.




O mundo tornou-se grande demais e sobrou pouco espaço para os diplomatas e sua politicagem. Voltamos à era da força bruta. À era da boa e velha lei da mãe natureza, que sabe muito bem o que faz. Ao menos optou pela direção certa pra sobreviver: a humanidade ter de pagar pela trilha do desenvolvimento, da produção inconseqüente de tudo, da visão do crescimento individual.
Um dia ela poderá descansar em paz.


Pedra. Água. Ar.
Energia.
Passado. Futuro.

Morte.

Semente.

Vida.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Mênade de ébano


Me encanta,
Me fascina.
Me tortura e
Me abomina.


Um súbito lampejo de furor báquico
No alto de uma torre não tão alta.


Palavras tão suaves e doces
Como apenas ela
Saberia usar.


Lá, sentava-se tranquilamente.
E como que assim, de repente
Me veio assaltar.


Logo começou o ritual!
Sem sacrifícios e sem demora.
Fora ali e fora agora!


Sedento e esfomiado!
Saciaram ambos a fome
De um momento que gritava
Quase esgoelado.


Acabado o transe
Foi resolvido voltar ao acordo.


Passados breves momentos,
Novamente ela atacou.
Mas não furiosamente.
Assim o fez e assim me calou.


Tomou-me nos braços e tornou-me menino.
Criança que chora
Despedaçando-se em perplexo desatino.


Criança que ama de alma e corpo.
Mênade que ama de corpo e alma.


O que ambos possuem em comum
É a vontade de viver e serem vividos.
É a simples e natural vontade humana
De sempre estarem juntos e nunca divididos.


É impressionante como as coisas acontessem de acordo com nossas atitudes, não importando que tipo de coisas elas sejam. Por exemplo: vou à padaria comprar um pão. Até aí sem mistérios. "Oito pães, por favor." Simples assim. Frio assim. Indiferente assim.
São pessoas que lá estão ano após ano e nem ao menos um bom dia lhes entra direito ao ouvido, seja da minha indiferença ou da dos outros.
Acho que nós podemos estar acostumados com tal tratamento.
Há quem diga que precisamos ser educados, mas hoje em dia, não parece ter muito diferença. Edução se tira do bolso e se usa como se fosse um celular. E um daqueles sem o menor requinte e que muitos até não fazem a menor questão de mostrar.
Quem sabe um dia, quando estivermos mais a vontade com nossos vizinhos, funcionários, trabalhadores, e todas as outras pessoas que sejam dignas de algum respeito, ao menos um "Bom dia!" lhes faça soar como deveria, e não tão forçosamente.
Ou se ao menos as pessoas soubessem a verdadeira siginificação de "obrigado" já seria o suficiente. Ninguém sabe mais porque agradece, apenas o fazem mecanicamente, por ensino e uma suposta educação. O agradecimento é uma forma de se mostrar OBRIGADO a servir aquele que lhe serviu um favor. Seja este de pegar alguma coisa, ou num lunguajar mais atual, de lhe emprestar algum dinheiro, ou de...sei lá, doar uma camisinha, ou um fio dental.
As pessoas de verdade dão valor a cada palavra dita. Não importa o tom ou a veracidade em que foram faladas, foram palavras escritas na memória de muitos, ou até mesmo poucos. Encare como rancor se quiser, não me importo. Mas o importante é fazer com que as pessoas reconheçam o poder que as palavras tem!
Infelizmente não me enquadro como uma pessoa das mais educadas, mas sempre que posso me utilizo do meu celular, que apesar de ser um pouco velho, ainda funciona que é uma beleza.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Um ano quase dois.

Ali, atordoada ela estava. Sem saber o que fazer perante tamanho e avassalador desejo. Precisava amá-lo, tê-lo em seus braços, prendê-lo em suas pernas. Ser dela. Mas sua timidez, aquela disfarçada pela mocidade, impedia que ela saltasse como um tigre faminto sob seu alvo, que papagaiava distraído sem ao menos se dar conta de que estava sendo observado.


Mas não importava. Ela o teria de alguma forma. Passados alguns dias após uma primeira aproximação, já estavam juntos mas por pura vontade de se avetnurar nesse mundo maravilhoso e desconhecido, e descobrir quem eram as criaturas que nele estavam, fossem elas quem fossem.


Seguia atenta a cada detalhe, a cada movimento e olhar. Vivenciando acima de tudo. Parecia fascinada, como que por encanto por aquele ser magro de olhos fundos e largados. Usava, dia após dia, suas artimanhas para se aproximar cada vez mais dele. Contudo, não sabia que ele era apavorado e inseguro como uma dessas criaturas marinhas de coral, que ao primeiro toque se encolhem e lá ficam até sentirem-se seguras outra vez. Ele não estava acostumado ao ritmo dela. Não era calmo, mas também não era parado. Não era rápido, mas também não era devagar. Era o jeitinho dela. Só dela e que ele, ao que parecia gostava bastante.


Desabituado, acabou cedendo à insegurança que emana de suas ventas e achou por bem acabar com aquele romance de altos e baixos. Ela não acreditava que ele estava fazendo isso. Era impossível! Não depois do que passaram. E ainda assim ele o fez. Com a certeza absoluta de que seriam grandes amigos. E todos sabem que só os idiotas tem certeza do que dizem. Mesmo assim, lá no fundo ela sabia, que de alguma maneira, ele acabaria voltando pra ela.


Deixaram de se falar, como é da natureza humana, que apesar de não poder ser regrada, segue as suas próprias leis. Encantado com o novo mundo, ele continuou seguindo como criança numa loja de brinquedos. Pegando as coisas e descobrindo a mágica de cada um deles. Nem sempre brincando, mas observando detalhadamente. Com o passar dos dias ele foi descobrindo como funcionava aquilo tudo. E lá, num lugar fora do alcance de sua visão, estava ela. Triste, mas esperançosa e entendendo, assim como ele, como a vida funciona e que mesmo depois do leite derramado é importante pensar que a vida continua e que a vaca ainda não morreu.


Passado mais algum tempo, voltaram a se falar e tornaram-se amigos como anteriomente. Talvez até mais. As brincadeiras, as risadas, a alegria, tudo como era antes do primeiro beijo, exceto pra ela, que sentia ainda no peito a vontade pulsando com uma fome sem mesura e acreditando que ele nem desconfiava de nada. De fato, quando se olhamos para o sol ficamos cegos por alguns momentos. E assim ele estava: cego. Cercado de tudo e todos, mas não enxergando o que estava a meio palmo de seu nariz, que diga-se de passagem tinha bem mais que meio palmo. Prosseguiu com sua vida lembrando sempre dela e de todos os momentos que tiveram juntos. E que também andaram tendo depois dessa reconciliação.


Mêses se passaram e acomodaram a amizade entre eles. Sem que se vissem com a mesma frequência, foi deixando-os mais confortáveis as suas condições. Ela mudara muito desde os últimos encontros. E ele? Não mudara tanto assim. Apenas continuava a observar, mas agora sob uma outra perspectiva. Mais sensitiva e perspicaz que antes, porém, ainda bem homepática sobre tudo. Seguiram-se mais alguns encontros não tão homeopáticos quanto a visão dele, e tão intensos quanto a visão dela, mas bem satisfatórios para ambos.


E conforme o ano corria, ela também foi abrindo seu olhar pro mundo de uma forma tão ampla quanto a dele. Destinguiu muitas das coisas que enxergava, tanto de longe quanto de perto. E dessa vez sendo bem mais cuidadosa com suas escolhas sem deixar de ser ela. Única. Os olhos mais vívidos e os passos mais firmes faziam com que ela sentisse a sensatez necessária à loucura. E ele foi se perdendo por um caminho que acreditava ser o certo. Mas, voltou a recorrer ao velho vício de se enganar, vendando os olhos e brincando de cabra-cega como quem troca as roupas íntimas.


Outro ano se iniciava, e o tão esperado reecontro depois de tanto sem se verem. Lá estava ela, tão mudada aos olhos dele, e ele tão o mesmo aos olhos dela. Tentou puxar um assunto aqui, outro lá, mas nada adiantou. Ele estava com uma menina que julgava ser a de seus olhos, e que assim como ele, vivia na mesma velocidade. Ela sabia que com o tempo, iria ruir, mas deixou-o brincar como o de costume. E lá ele foi outra vez, vendando-se e esbarrando com alguém a muito conhecida, mas que também continuava tão igual quanto ele. Desiludiu-se e tentou seguir achando as relações complicadas demais para uma pessoa que possui o dom divino de possuir um pênis e um cérebro, mas pouco sangue para servir a ambos. Enquanto ela continuava a espreitar como todo bom caçador faz, esperando até o momento preciso. E assim ela fez. Afinal, só o cume interessa, não?


No momento certo, declarou suas palavras estratégicamente. E sabia que ele cederia. Na verdade não sabia ao certo, mas não aguentava mais tamanha divisão entre os dois. Estava louca e sedenta como nunca estivera. Mandara todos os sinais possíveis e passíveis de entendimento humano, achando que ele não entendia. Ele, por sua vez, sentiu no ar essa vibração tão voluptuosa, que não sabia onde esconder suas vontades, então engavetava-as no fundo de algum lugar que só ele sabia onde ficava. Assim seguiram por volta de mais alguns dias.


Hoje estão juntos mais uma vez. Sem saber direito qual rumo tomar. Apenas seguem suas vontades e bom senso. Gostando, como sempre gostaram, um do outro. Deixando que o fio da relação se teça sem que estejam regrados pelos enquadramentos que todos conhecem. Os enquadramentos são as regras criadas pelo homem, mas cada coração faz suas próprias leis. Quantos romances já não foram escritos! Quantas novelas! Quantos filmes! E não há nada mais essêncial que a poesia. Sem poesia não há vida! Eles acham saber o que fazem. E você, sabe?

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Do são e do louco



"Acho que me precipitei
Quando me esqueci do futuro
E guardei meu presente
Num lugar que nem sei.



Posso até ter jogado por cima do muro
Ou largado numa névoa
Luminosa e obscurescente
Que esvaiu-se antes de mim.



Nem sei o que perdi!
Mas nunca me esqueço de esquecer
O que era pra ser lembrado.
Mas...o que era mesmo?



Ah, lembrei!
Não, não...acho que não sei
Em verdade provavelmente não verei.
Acho que foi ficando por ali
Perto de um lugar onde nunca chegarei.



Entre o são e o louco
Eis que o segundo
É o mais sábio.



Porque mesmo sendo louco,
Varrido ou pouco,
Das emoções é o mais hábil.



Porque ele sabe,
Contudo, não vê. Não viu
O que de dentro das pessoas
Do mais profundo da alma,
Saiu."

Sinto vontade de escrever de novo, e tudo devo a minha musa! Tudo funciona, só espero que Dioniso venha daqui a bom tempo a nos perturbar.

sábado, 4 de outubro de 2008



Ela olha pra mim, com aqueles olhos
Tão claros, tão escuros
Tão belos e tão profundos.

São olhos de menina, de mulher,
Olhos, de quem sabe bem o que querer.
Mas que ao mesmo tempo
Não decidem, não sabem escolher.

E nessa molecagem vibra
Uma aura de energia pura e intensa
Das cores mais variadas
Das sensações mais extensas.

Um ataque! Rápido, mas sutil...
Como se já espreitasse a espera
Do momento certo
E da vítima pueril.

Vítima que se deixa vitimar
Pela amada por horas a fio
Sem ao menos contestar
O porque do vigor tão bravio.

De súbito uma reviravolta!
A vítima torna-se agressora
Numa avidez nunca sentida.

Bate, espanca, esbofeteia e grita.
Como um animal feroz
Destroçando a pequetita.

Por muito esse ciclo permanece
E por muito irá permencer
Mas pra quem quiser saber o final da história
Que viva e que deixe viver

O sentimento, aquela voz baixinha
Que sempre nos disse o que fazer
Na hora e no momento certo.

Por vezes irritante, por vezes agradável.
Apenas ouça, faça, ou seja.
Duvido que um dia não irá ser grato.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Humanicidade



Da nobre alma que voa ao máximo
Da pobre calma que exala ao tácito
As coroas que emanam cores
Em abstrações repentinas de extâse



Assim louvo aquele que me enlouquece;
Assim ouço aquele que me possui.
Vai, ó crianaça, dançar nas montanhas,
Pois lá está a luz que teu espírito destribui.



Tão selvagem, tão reluzente.


Resplandescente baquidez.



E ao mesmo tempo tão carente,
Que se desfaz em placidez.


De que presta esse mundo,
Se de orgias não vivermos?
De que presta nossa alma,
Se não ouvimos seus lindos termos?



Como vozes que sussuram
Ao pé do ouvido as vontades
Que se anulam e cancelam
E que na lacuna completam



Nossas vidas tão pífias
Vazias e pequeninas.
Comparada a grande vastidez
Que habita o mundo da insensatez.


Huxleyrismo



Ultimamente tenho parado pra pensar qual dos rumos caóticos e apocalípticos a humanidade iria tomar. Depois de ler e assitir algumas coisas, pude constatar que nosso futuro será brutalmente primitivo. Algo paradoxal, mas completamente verdadeiro.
Só não pude descobrir que tipo de religião teremos, porque me recuso a acreditar que todos seríamos possíveis devotos de uma entidade satânica, ou seguidores de algum grupo fanático que se diz profetizar as palavras de algum ser divino, que na verdade é um amigo imaginário ou ,de repente, um ser celestial. oO
É difícil abrir os olhos do homem, que adora beber da fonte da vida, sobretudo deixando que o peso da ganância recaia sobre as suas pálpebras fracas e inocentes.
Acredito que os mundos de Huxley, por exemplo, possam tornar-se verdadeiros mas de uma forma um pouco diferente. Ao invés de um mundo pós terceira guerra mundial de sequelas radioativas já não tão futurístas quanto o autor sonhava, visualiso, ainda como ele, um mundo segregado, mas não da mesma forma. Na verdade, mais como o mundo de hoje, mas num lugar onde há, de um lado a extrema miséria, e do outro a visão da extrema riqueza. Como se opusésssemos algum país da África central com um país do norte europeu exatamente dessa forma: um ao lado do outro. Um ascendendo bruscamente e o outro afundando nas sua própria fome, mas com esse tipo de miséria e de riqueza levado ao cúmulo do extremo absurdo.
Acabaria surgingo um mundo, onde haveria a suposta civilização e variados povos bárbaros que a circundam e que são extremamente numerosos, visto que atualmente, e na verdade já a algum tempo, a menoria que sempre prevaleceu foi a endinheirada. Haveriam muitas das cortinas de ferro, ou então essas cidades pobres e esquecidas seriam enterradas vivas, ou até deixadas para um mundo inferior como profetizou Huxley. Imaginem o dano que estamos causando, não só ao nosso planeta, mas a nossa própria civilização e cultura (se é que podemos afirmar que ainda temos uma)!
Talvez estivesse certo aquele que disse que a política e a religião foram invetadas, de certa forma, para acabar com a vida humana.