terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Cordão

Ontem não usava um cordão.
Vivia leve, bruto e cheio de arestas.
Aprontava feito macaco Tião.

O tempo passa e nós também.

Hoje eu uso um cordão.
Cordão lindo e de único peso.
Onde pesam duas almas e um coração.

Tecnocracia

Hoje as pessoas tem na cabeça
Que praticidade é uma polia
Quando na verdade não se sabe!

Rogo pragas contra a tecnologia!
Se ela de muito me valesse
Não destruiria a nossa poesia!

Que o silício se corroa
E que o aço se desmembre
De um em dois de novo!
Poesia é que coisa boa!

Surjam de novo os deuses antigos
Para que implodam essa tecnocracia
Que dos meus iguais só ganhou inimigos
E assim se perfaz dia após dia.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Soneto Bumerangue

De tempos em tempos.
Vem com as horas e os dias
Todos os nossos carinhos e afetos.

De que importa à nós o tempo?
Quando nos vale apenas o espaço,
De dois em um?

Seguem todos os santos cinco dias.
Penosos e arratados,
Em plenos verborrágios,
De muitos todos acomodados

Temos tempo de sobra pra tudo.
Pra nos sonhar e acarinhar.
Nós, em pleno largo espaço,
Vivemos nosso belo amor sanhudo.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sábio é o que se contenta

"Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo,
E ao beber nem recorda
Que já bebeu na vida,
Para quem tudo é novo
E imarcerscível sempre.

Coroem-no pâmpanos, ou heras, ou rosas volúteis,
Ele sabe que a vida
Passa por ele e tanto
Corta à flor como a ele
De Átropos e tesoura.

Mas ele sabe fazer que a cor do vinho esconda isto,
Que o seu sabor orgíaco
Apague o gosto das horas,
Como a uma voz chorando
O passar das bacantes.

Ele espera, contente quase e bebedor tranquilo,
E apenas desejando
Num desejo mal tido
Que a abominável onda
O não molhe tão cedo."


Fernando Pessoa por Fernando Pessoa


Ps.: Imarcescível = duro

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Experiência



Apesar dos erros, há de se acertar
O alvo, o peito, o brado.
Tudo há de se concretizar
Como o início do fim dum fado.

É possivel, sim,um homem estar errado
Por motivos que ele mesmo desconhece.
Pois se nesses motivos há uma mulher
É esta a única que ele merece.

A dor de estar enganado
É bem pior que a dor da partida.
Porque caso a isso esteja fadado
Nada mais lhe resta na vida.

Mas o caminho do fundo do poço
É um caminho longo, cumprido.
Do qual jamais se espera brotar
Tal amor nunca dantes sentido.

E esse amor queima de arder
Escoriando a quem tocá-lo.
Mas dos que estão no centro seu
Dele, e só dele, hão de morrer.

Porém, por alguma força da natureza
Isso muito nos parece inverso.
De ambos corações, saudosos e calados,
Falta a corajosa e retida destreza.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Penguins

"Encontro com a Usina"

...

"Por esta grande usina
olhando com cuidado eu vou,
que estar foi a usina
que toda esta Mata dominou.
Numa usina se aprende
como a carne mastiga o osso,
s aprende como as mãos
amassam a pedra, o caroço;
numa usina se assiste
à vitória, de dor maior,
do brando sobre o duro,
do grão amassando a mó;
numa usina se assiste
à vitória maior e pior,
que é a de pedra dura
furada pelo suor."


...

Diário de bordo:

Mais um dia de cão. Foi comprido, suado, mas hoje, apesar da chuva que garoava por todo estado, fez tempo bom. Tempo maraviolhoso. Na escuridão da vida sempre há de surgir a luz. Aquela pontada de onde faz surgir esperança. Mesmo sem ter a menor noção sobre que história se passa em "Flores do Mal" de Baudelaire, pude entender completamente, hoje, o que ele quis dizer com o título. Tudo nessa vida tem futuro, mas tudo está muito desacreditado. Pra mudar o quadro basta querer. A estrada é sempre muito longa, mas é a melhor a ser tomada. Só os fracos escolhem caminhos curtos.

O caráter se contrói pelos cataclismas do cotidiano.
Isso podia até virar livro.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Diário de bordo:

Eita dia de cão. Típica terça com leves pancadas de chuva e de tudo mais. Tudo mais que a vida tem pra nos mostrar. Final do dia culmina num grande sentimento de cansaço e fracasso. Acho melhor ir me benzer bem depressa antes que algo pior venha a
acontecer. Talvez um banho de mar ajude...talvez não. É como se algo estapafúrdio e muito ruim acontecesse. Algo como a explosão de Angra 1 e o fim entre Soropita e Doralda! Um casal tão diferente mas tão comum. Mas imaginem só! Soropita é um cangaceiro brabo, valente que se acalma perto de Doralda, mulher da vida, moça formosa e encarniçada. Se amam com um único olhar e em pouco tempo estão morando juntos longe de tudo e de todos. Até que num dia como ontem ou hoje eles se separam! Um amor de anos exterminado ou pela cabeça dura do sertanejo ou pela viva atitude da moça. Difícil dizer...mas o que aconteceria se Angra 1 voasse pelos ares? Só tenho certeza de que isso não vai acontecer. E é a única certeza que me resta agora.

domingo, 27 de setembro de 2009

"A estrada da Paraíba"

"Na estrada da ribeira
até o mar ancho vou.
Lado a lado com gente,
no meu andar sem rumor.
Não é a estrada curta,
mas é a estrada melhor,
porque na companhia
de gente é que sempre vou.
Sou viajante calado,
para ouvir histórias bom,
a quem podeis falar
sem que eu tente me interpor;
junto de quem podeis
pensar alto, falar só.
Sempre em qualquer viagem
o rio é o companheiro melhor."

Por João Cabral de Melo Neto

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sopra outra vez, amor?

Pela noite de ontem
Sopraram os ventos da mudança.
E por mais que o amor morra
Jamais há de morrer a esperança.

Pelo dia de hoje
Eles trazem a chuva e o frio.
Levando embora o apaixonado calor
Que outrora estava por um fio.

Quissá um dia, amanhã, talvez,
Poder segurar tuas mãos, outra vez
Beijar teus olhos, acalentar teus temores
Que hoje me guardam tantos horrores.

E num suspiro lento e semimorto
Fico a esperar a brisa certa.
Daquela brisa ímpar
Que me traz a paz, linda e concreta.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Da criação do universo

Era uma vez uma energia grande e maraviolhosa que surgiu duma explosão dantesca. Perpétua e única perante a existência de todas as outras coisas que assim surgiam no início dos tempos. Essa energia começara a pensar por si só e, obviamente, começava a ter idéias. Muitas idéias boas e ruins. Uma delas era simplismente ter companhia. Em um dado momento, perdido entre os milhares de milênios, essa energia focou seu pensamento nessa idéia com tanta intensidade, com tanta força, que quando se deu conta outra forma de energia havia surgido ao seu lado! Ambas se entre olharam e viram que tomavam uam certa forma. Surgia em ambos um corpo humanóide, mas com traços perceptívelmente diferentes.

Se entreolharam com um certo estranhamento até que, por fim:

- Vim como fruto da tua criação. Serei seu companheiro pela eternidade, meu amor. E como companheiro, te darei crias.

- Como companheira, te darei amor eterno.

- Como companheiro, além da eternidade, te darei proteção.

- Como companheira, te darei paixão acima de tudo.

E entre rápidos olhares, trocavam os juramentos e sentiam uma força estrondosa impelir um em direção ao outro. E como dois, se fizeram um. A força com a qual se atiraram nos braços um do outro foi tamanha. Quando suas energias atingiram o clímax, numa segunda explosão criaram incontáveis filhos por toda a dimensão. E eles desapareceram por todo o sempre.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Experiência

A vida te dá chances mil
Para depois te ceifar os favores.
E de que lhe adianta ser servil
Se ela te cerca com seus próprios temores

Mas,

Não tema criança.
Sua alma é escolhida.
Assim, como todas e tantas outras,
Também tua única vontade será polida.

Sirva ao teu mestre, seja forte.
Porque a vida ceifa uma só vez.
Se tens escolha, tens é sorte!
Pois a morte guarda unicamente a palidez.

Mesmo assim criança,

Não tema a vida ou a morte.
Sê sábio e segue teu coração.
Para ter a absoluta certeza
De que não viveu tua vida em vão.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Foi Sambar

Vai sambar preta do cabelo duro
Que a vida te chama outra vez
Foste minha pra sempre
Que infinita tua voz se fez.

Ribombando na minha cabeça
Das duras, frias e amargas
Até as belas, meigas e simpáticas
Das palavras pela travessa

Passavam ali, naquele canto,
Espertas tentando se esconder.
Mas muita é a vontade de ti
Que não consigo mas reverter

O amor corpulento que tenho
Que de imenso tem de mirrado
Em não saber o que deu errado
No decorrer da vida em que venho.

Vem sambar preta do cabelo duro
O meu ritmado violão te chama.
Vem que a noite não tem flama
Como meus dedos tocando ao pé do muro.

Só. Com meu chapéu amarrotado
Esperando ver tua silhueta no chão.
Mas apenas meio mérrél trocado
E, aqui, a dor no meu coração.

Se faz presente em notas, preta,
Que saem da minha caixola.
Teu samba me custa, preta,
Porque você não cabe em esmolas.

Você não pode ser dita,
Você é vida, é paixão!
Não há como ser descrita
A minha triste solidão.

Fui sambar, preta do cabelo duro
Com meus pés tortos e pequenos.
Mas caí de tombo truncado e murcho
Porque meus talentos são outros serenos.

Queria poder ser pra você.
Queria poder existir pra você.
Mas de que me adianta ser quem sou,
Se só me rendo, fico à mercê

Dessa insana sensatez barata
Que acaba comigo aos poucos!
Vem, vai, foi. Vim, vi, fui.
No fundo, bem no fundo mesmo,

Acho que somos todos loucos.
Uns pelos outros.
E eu por você.

Do fulgor do peito da amada

Como podemos adivinhar o amor?
Eis uma empretiada das difíceis.
Tente deduzir com algum rigor
E verá as consequências terríveis.

A mulher é um ser muito maleável.
Por todos e quaisquer ângulos
Jamais espere compreesão amável,
Porque isso é algo de extremo luxo.

Depare-se com a paixão aguda de uma menina
E sinta a felicidade correr por suas veias.
E dessa mesma, quando surgir fúria feminina
Esteja arrazoado pelos fatos que semeias.

Da água ao vinho, do vinho ao petróleo.
Assim é o fervor dos apaixonados.
Do solúvel ao combústível irrisório
Em que densamente estão mergulhados

Nesse neblina de um negrume periférico,
Que de nada se exnerga a não ser o alvo
Aonde se deseja atirar a pedra no coração
Que histérico, hilário, tolo,singelo e calvo

Se acaba de tristezas,
De certezas,
De espertezas
E de asperezas.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Do mundo ao mundo


Pouco de tudo se sabe
Da vida, da roda do mundo.
É preciso conhecer dele,
Desse lugar tão pequeno e profundo

De onde saem todas as coisas mundanas
E delas nos fazemos saber existir
Tornando as pequenezas das coisas profanas
Dissecadas sem nem ao menos sentir.

Da ciência pelo homem
O mundo se deprime.
E nela, que tudo suprime,
Ambos se destroem, se consomem.

Homem, vira bicho!
Deixa essa vida de sapiência!
Esqueces que já foi do mundo
Como do mundo já foste essência?

Esqueceste quem foi tua mãe?
Essa que te criou no verde ventre
E que nesse reino te deixou?
Então agora, vá e entre!

Entre e caia no abismo.
Que vivacidade voraz!
A razão deu-lhe cinismo.
Nossa, que perspicaz!

Largai, velho, a enxada
Agarrai, novo, a entrada
Que ontem se criou eterna,
E que amanhã não terá mais perna.

Coxa, manca, torta e feia.
É assim sua nova e cinzenta mãe.
E por culpa sua, na sua veia
Corre seu sangue urbano que se dispõe.

Choram tristes e sozinhos
Em tribos descerebradas.
Ei-los correndo ribeirinhos
Atirando-se pedras a cusparadas.

Voltai mãe! Não abandone suas crianças!
Que estão tão tolas e tão insadias.
Lamentam o triste suor enlatado das lembranças
Que esqueceram de reciclar noutros perdidos dias.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Soneto do Olho Grande ou do Espírito de Porco

Toda alma sofrida e humana
Se faz chorar eterna e calada a dor.
E daquela a qual nada emana
Aguarde nada mais que um frio calor.

Tão intenso e tão mórbido
Que de tão quente esfria o fogo.
Tão gélido e tão sórdido
Que de tão frio esquenta o jogo.

Um palavrear solto mas conciso.
Meio que como um macaco bêbado
A lutar em meio a garças e tigres.

E num olhar furioso e narciso
Acaba ficando sem três pratos de trigo.
E dos três, o pior dos tristes.

Minha Preta


Sonhava com uma mulher maravilhosa...
Dessas que nos acompanham em aventuras mil.
E a obra de uma senhora meiga e desveturosa,
Esta, que hoje minha sogra, a pariu.

Como amo esta mulher!
Me veio apresentada toda pretinha e risonha.
Que espanto de mulher!
Sambando na escada toda rapidinha e pequenonha.

Graciosa, rebolativa,
Demonstra toda a sua beleza natural
E que altruísta e pensativa
Mostra toda a sua natureza racial.

Essa obra prima de minha sogra
Levou nove meses para ao mundo vir.
E aquele que num lugar acima logra
Jamais fará outra igual assim surgir.

Esta não cabe em reles palavras poucas
Porque delas não tiramos mais a essência.
Contudo, captamos no estalo da exigência
Essa vitalidade vinda com vozes roucas.

Soltei as minhas para assim aqui escrever
Sobre esse ser inefável que é a minha preta.
Aconselho que faças o mesmo se isto ler
Pois a vida não sai assim de uma caneta.

Soneto da Perdição Vital



Sou um desses que de novo nasceu velho
E que uma vez velho, sempre novo.
De novo essa história se repete
Visto que a mãe sempre choca o ovo.

Do velho, boas lembranças distorcidas.
Do novo, leves esquecimentos desmembrados.
De velho, apenas momentos desmemoriados.
De novo, só as mesmas velhas corridas.

Da juventude à velhice, não existem paradoxos.
E sim uma completude entre um embrião e defunto
Numa única linha temporal.

E de nada servem aos homens esse duelo entre dióxidos.
Aquém de todas as moléculas mortas de um presunto
Brota um desacorde meramente estrutural.

terça-feira, 19 de maio de 2009

ALIQVARVM DVODEQVIQVAGNTAE LEGES POTESTATIS

CONSERVATIS MANOS PUROS

ES AVDENS

DETEGETAS DEBILITATEM SINGVLAE VNVM

HAVD MAGISTRI CLARITATEM OBVMBRETES

SCIRES ARTEM TEMPI EXATCVS

MOLLITES AQVAS VT PISCES AFFERENT

HAVD NIMIVM CREDAS AMICIS

IMPVGNES PASTOREM ATQUE AGNVS DEPERGENT

SCIRES IN VICTORIA CONTINERE

HAUD NIMIVM PERFECTVM VIDES





Sintam-se a vontade para fazer correções

domingo, 17 de maio de 2009

Amor...platônico?

Às vezes nos pegamos perguntando: o que é o amor? Mas é exatamente nessas horas em que já sabemos a resposta pra essa pergunta. Não se trata de um amor próprio, ou de um amor ao próximo, necessariamente, mesmo que isso tudo esteja incluso no perfil, mas sim de um amor ímpar em que uma alma se entrega a outra sem esperar nada em troca. É se dar sem esperar receber.

Amar é dormir olhando para essa pessoa e esperar ela acordar com aquele olhar remelado e sonolento, e esperar que ela te diga que te ama, mesmo sabendo que você também está nessa condição matutina tão horrível.

Certa vez um cidadão português, desconhecido por sinal, tentou definir o amor numa breve imitação camoniana mas fora tão infeliz nessa tentativa quanto o próprio magnífico autor. O amor é uma palavra inefável. É algo que se sente e não se define.

Platão gostava de ideias mas teria ele amado alguém real aquém delas?!? Eu particularmente não sei, ou se já ouvi, não me recordo do fato. O que importa é que houve amor em algum momento de sua vida, mesmo que ele tivesse sido por algo etéreo.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Da negridão e da branquitude

Uma negra com um branco.
Uma branca com um negro.
Um homem com um homem.
Uma mulher com uma mulher.

Paixão não escolhe as pessoas. Elas são escolhidas pela paixão sem poder contestar sobre o que lhes atingiu.

Um velho com uma nova.
Um novo com uma velha.
Uma bissexual com um cão.
Um cão com uma galinha.

Existe todo tipo de paixão: da rápida, da demorada, da instântanea, da feroz, da sofrida, da eterna, da pronta, da boba, da inexistente, dentre outras. Mas a mais importante de todas é apenas uma única; a que todas as almas do universo devem sentir; aquela que nos faz sentir tudo e mais um pouco; a paixão verdadeira.

Todos os sentimentos humanos são muito fortes. E todos aqueles que os sentem ao extremo sabem, que não importa o momento, nem o local, mas o que é sentido. Nós não sabemos de nada até que tenhamos sentido, vivido aquilo. Desde da negridão até a branquitude da alma.

Uma negra com um branco.
Uma branca com um negro.
Um homem com um homem.
Uma mulher com uma mulher.

Uma alma para a outra.

terça-feira, 7 de abril de 2009

O que diabos eu sei?

Mulheres são criaturas maravilhosas, mas o que tem de maravilhosas tem de complicadas!

Não quero entender todas as mulheres do mundo. Não quero nem entender os problemas de minha mãe como mulher, mas assim o tento fazer porque sou aquele que a ouve. Eu só quero entender os problemas de mulher da MINHA mulher, e só.

O homem é um bicho imbecil. Se dá o quanto pode. E a mulher tanto quanto, também o é. Mas a culpa não é deles. A culpa é dessa sensação gostosa que impele um ao outro. Essa vontade de segurar pra não largar nunca mais. Essa eterna sensação de ganho, de vitória da batalha mais árdua e sanguinária do mundo. E realmente é vitória, mas a batalha nunca termina. É como se houvesse uma constante batalha para manter esse amor aceso. Não existe amor, existem provas de amor. E são nessas batalhas constantes que elas são provadas.

Ao menos é o que eu acho. Posso achar errado, afinal sou só um homenzinho. O que diabos eu sei da vida?

Só sei que a amo. E nada mais vale no mundo.

sábado, 4 de abril de 2009

Pré-conceito

Esse tabu é uma questão de momento em que vive a sociedade. Surge quando apropriado, só para gerar intrigas e afastar as pessoas umas das outras. Mas ainda assim, sempre foi uma temática atualíssima para todo e qualquer diálogo de fofoca de elevador.

Uma coisa que me intriga é: como as pessoas podem sentir preconceito da própria raça?! Entendo se for algo como um sentimento, uma sensaçao ruim ou no caso do "santo não bater" com a outra pessoa, mas preconceito contra a própria "raça" é algo no mínimo estranho.

Pra começo de conversa, somos ou não somos todos da mesma raça? Não importa a definição antropológica de raça, que diz que elas derivam de nossos traços fenotípicos! Somos todos da mesma raça e espécie! Somos diferentes do nosso próprio jeito, seja pela nacionalidade, seja pelo sotaque, seja pela cara, cabelo ou pele. Todos temos dois braços, olhos, um nariz e uma boca (salvo raras exceções). O tratamento científico da palavra levou a cobiça do homem moderno a um tipo de frenesi de controle sobre outro. Cobiça essa, já natural, só que graças a isso, foi cientificamente "justificada" para provar que existem raças superiores.

Os arianos e o nazismo de Hitler vinham de uma louca e utópica teoria ocultista de uma seleta escala social que dizia que o novo reich seria líder mundial e senhor de uma nova raça de super-humanos escolhidos por seleção natural. Algo semelhante aos espartanos da grécia e uma sociedade semelhante a anterior "Mão Negra" se não ela própria evoluida.

Senhoras e senhores, pelo amor de alguma entidade divina, acabem com o racismo! Preconceito é, de fato, algo inevitável, contudo que venha a ser de qualquer e outra natureza social que não contra nossa própria pele! Justo aqui, num país tão colorido, mas tão colorido, que chega a levantar a bandeira gay em prol dos direitos do amor ao mesmo sexo. Um país de povo tão belo e simples. De um povo que adora viver numa boa, trabalhando por uma vida justa e recebendo como salário um murro no olho esquerdo seguido de um xingamento salivado. E que assim segue vivendo nessa terra de meu Deus com pré, pró, pós, e qualquer outro tipo de conceito.

Pra que essa xenofobia toda, senhoras e senhores franceses? Pra que essa epilética guerra milenar, meus caros e nobres médio-orientais? Vivamos em paz! Sem mais nenhum tipo de repulsa social. Quanto mais nos ajudarmos, mais caminharemos ao progresso.

Paz e amor a todos.

Meu amor por você

Eis que aqui há um diamante verde
De essência e alma negra
De coração forte e firme certeza.

Toda pedra bruta, por sua natureza
Precisa ser lapidada como esta foi.
E que na sua presença e pura beleza
Todos os olhos perplexos se fixam na leveza

Dessa beldade única que reflete
A pura luz pungente
Que toda sua alma remete

A essa magnífica existência
Que me prende em transe perpétuo.
E por toda eternidade haverá permanência
De um coração avivado e aberto

Para o bem ou para o mal
Para cima ou para baixo
Seja angélico ou infernal

Sempre será o amor.

domingo, 22 de março de 2009

Ela e ele.

Ela e ele.
Ele e ela.

Ele à ela.
Ela à ele.

Ele é ela?
Ela é ele?

Não.

Mas

Ele em ela.
Ela em ele.

Ela ou ele?
Ele ou ela?

Os dois são apenas um. São coisas diferentes.
Mas que quando somados integram uma coisa só.
Um coração que bate forte.

Ele por ela.
Ela por ele.

Ela com ele.
Ele com ela.

Ele até ela.
Ela até ele.

Ele ante ela.
Ela ante ele.

Ela desde ele.
Ele desde ela.

Sempre.
Êi-los nus.
Cegos e atados
À uma sensação angustiante
De se quererem e de se tocarem.

Diante um do outro, agora,
Os dois que se amam, assim o fazem,
Como fizeram outrora.

A verde morena dos lábios de graviola
E o pálido azulado dos pelos faciais se entranham
Cada vez mais numa infinitude impecável.

Este sim é um amor por muitos invejável.
Momentos mil de lágriamas e suor.
Espasmos de fúria e relutância.
Certezas absolutas já sabidas de cor.

Amor, paixão, confiança, ciúmes
E todas as outras palavras cabíveis
Se penduram e ligam umas às outras
Nas horas mais improváveis e aprazíveis.

Ele a quer sem dor.
Ela o quer Homem, mas menino.
E assim, ambos buscam somente
Uma única coisa: o amor.

domingo, 15 de março de 2009

Para: Deus

Deus,

Entenda, meu Senhor, somos humanos. Feitos de carne e osso. E, segundo alguns, à tua imagem e semelhança. Somos frágeis como crianças perdidas numa floresta escura à noite. Tenha dó de nossas almas que ainda não estão preparadas para encarar o fardo do ciclo. De ti realmente nunca pode se esperar pouco.Se tens algum tipo de árdua tarefa a ser cumprida, recrutarás os maiores dentre os gigantes que consideras. Mesmo que pra nós eles pareçam velhos e acabados, por dentro eles tem a força de 102.946.934.691.276.472 titãs, pulsando ávidamente à espera de uma obra tua.


E assim, por meio dessas caridosas e tão poucas palavras, quero agradecer por tudo. Tudo mesmo! Nunca fui de ir muito à igrejas, mas já te procurei em alguns lugares e perspectivas diferentes. São MUITOS os aspectos que lhe dão. Acho que se o Senhor mesmo visse, digo, bem de perto, ficaria aterrorizado. Se eu, que estou aqui, por vezes me assusto com o que ouço esporadicamente, imagino o Criador o que iria pensar. Enfim, depois de criada, a criatura tem que andar com suas próprias pernas e aprender com as próprias quedas a se levantar, certo?


Voltando ao agradecimento, muito obrigado pela família que me deste. Sem ela não sei o que seria de mim hoje. Agradeço também pelo dom da hereditariedade. Perdi duas das pessoas mais importantes da minha vida pro seu exército. Foram despedidas muito tristes. Mas por mais lágrimas que eu possa estar derramando agora, ainda lhe agradeço. Agradeço pela mãe que me pariu no mundo. Pela força que ela teve e continua tendo em amar sua prole. Pelo irmão, que apesar de distante e ermitão, ainda ama aqueles a quem considera. Pelas incríveis pessoas que cruzaram meu caminho até os dias de hoje. E em especial, minha namorada, à quem devo, não só a minha paixão, amor, carinho e adimiração, mas também toda a dedicação que um amor verdadeiro deve ter. Ela tem sido tudo pra mim.

Obrigado pelas oportuindades que me deste até hoje. Sou o que sou, graças ao caminho que me mostrou. Não sou religioso. Nunca fui. Mas sempre acreditei na sua força. Mesmo sem saber de onde ela vem.


Aqui me despeço para que nos falemos em breve,
Malkarliano.

Ps.: Por que só as pessoas boas sofrem? Lhe peço que pondere o peso de sua mão sobre as pessoas de bom coração, mesmo sabendo que o que tiver que acontecer, acontecerá.
Imagino que consideração seja algo venha junto com a alma de cada um. Bom, isso fica pra outra hora.

sábado, 14 de março de 2009

Perfil (do orkut)

"Às vezes achamos por achar
Que temos tudo sob controle.
Às vezes, também achamos
Que podemos nos encontrar.

Mas vivemos num puro abismo
De essência eterna de vida,
De essência interna de morte.
Contudo, sem nenhum cinismo

De alma pra alma
De corpo pra corpo,
De pessoa pra pessoa,
De homem pra mulher.

Com a mesma força que trazemos amor,
O ódio vem, com um intenso furor
Impiedoso e incapaz
De deixar outra sensação ali presente.

No coração, na cabeça,
Seja aonde for,
Os amores vem e vão
Mas determinadas coisas,
Determinadas coisas, não.

Elas vem, aparecem assim
De repente, às vezes
Só pra assustar.

E é desse sentimento que gosto
Dentro dos mins da minha pessoa
Torta e perturbada
Só pra se assustar.

São tolices infames,
São pieguices mundanas.
São amores maravilhosos!
São lindas e belas camas!

São essas situações que se apresentam
Modestamente, sem nenhuma selvageria.
Mas é desse jeito que elas alimentam
A angústia num ser em efusiva alegria.

Escrevo em desleixo, de qualquer jeito
Mas palavreio pela ponta dos dedos.
Teclando sem sentir os meios
Dos quais se fazem expressar o peito

Não sei se meu.
Não sei se seu.

Tudo que sei é que um dia
Vou chegar lá esperando estar
Serelepe e contente com a vida
Que tive, que tenho e que terei."


Viva...

Esteja...

Faça...

O que quiser...

Esqueça...

Morra...

Renasça...

Quando quiser...

Queira...

Mas acima de tudo...

Seja...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Os Centauros


Os centauros são uma das poucas espécies de todas as criaturas mitológicas que não são considerados monstros aterradores. Há, contudo, um curto acontecimento que gostaria de relatar. Na festa de casamento entre Hipodâmia e Píritos, Eurátion, um dos centauros, tendo passado um pouco do limite permitido com o vinho, acabou tentando violentar a noiva; outros centauros na festa seguiram seu exemplo causando assim um balbúrdia horripilesca e a morte de grande parte deles. A batalha dos lápites e centauros foi uma famosa batalha da qual eu nunca ouvira falar em toda a minha vida e que, aparentemente, foi tema de poetas e escultores da antiguidade.
Em verdade a fama desse povo se dá graças ao magnífico Quíron. (Ainda bem, não?!)
Discípulo de Artémis e Apolo, aprendera as artes da música, caça, medicina e profecia. Fora mestre de grandes homens incluindo aquele que é conhecido como Esculápio, cultuado pelos romanos por ter sido aquele trouxe um homem de volta a vida. Júpiter, à pedido do irmão Plutão, atirou um raio fulminante em Esculápio, que depois de morto, foi aceito entre os deuses. Quíron, por sua vez, quando bateu os cascos, Júpiter, em homenagem a essa grande figura, colocou-o nos céus representando a constelação de Sagitário.
Essa raça especial é conhecida pela sua garra pela aventura, pela busca pelo desconhecido. Audazes, correm livres e desempedidos pelas pradarias geralmente solitários, em busca de conhecimento da vida. Tendem a viver um pouco mais que os homens comuns. Cerca de algumas décadas. Obviamente nômades, eles caçavam não tão primitivamente quanto nós, reles mortais. Atualmente tiveram que abandonar sua natureza e vivem em lugares remotos como as ilhas no norte da Irlanda e o arquipélago no sul da América latina. Vivem como Quíron: a espera de um lugar entre os deuses rogando para Apólo e Ártemis para que voltem novamente seus olhos para essa civilação tão débil que é a humanidade.




Na foto, Quíron brinca com Aquiles nos braços.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Virando os olhos pra dentro

É. Foi-se que ainda não acabou.

É difícil determinar quando a ficha cai. Mas agora não é hora pra isso. Agora é hora de meditar sobre os erros passados. Sobre como eles aconteceram e como eles não devem se repetir. Tudo está em ordem, menos a minha cabeça, que lateja um pensamento firme, preciso em todos os seus languidos ângulos.

- Não acabou, meu caro, pare de se lamentar se sabe que isso tudo não é verdade.

- É, até sei. Mas se não é verdade, porque está acontecendo isso?

- Pare de ser molestar, sua mocinha peluda! O que tinha que acontecer, aconteceu. Não podes prever o amanhã. Doa a quem doer, ela estará com você e você com ela.

- Mas como pode estar tão certo disso? Como isso pode estar tão certo assim se ela não me crê?

- Calma garoto. Tudo é passível de solução...

- É, tudo mesmo! E olha só no que deu!

- Paciência e parcimônia, seu afobado. Se resguarde para momentos piores. Eles podem surgir, certo? E então, como lidar com eles?

- Tá...tem razão. É melhor respirar fundo mesmo.

- Isso. Com o tempo você verá que tudo vai dar certo.

- Tempo, tempo, tempo! É isso que você sabe resmungar?

- Quer o meu conselho ou não quer?!

- Não me resta mais nada agora, né?

- Pois é. Então sossega esse rabo quieto e espera só pra ver se não estou certo.

- E se não estiver?

- Então, estarei errado.

- CU!

- Uma pessoa certa vez me disse: ninguém falou que ia ser fácil.

- Mas era tão lindo. Tudo era maravilhoso.

- Errado. Tudo É maravilhoso. Tudo É lindo. Pare de se lamentar. Odeio isso.

- É, tem razão mesmo. Vou tentar fazer isso que você me disse.

- E lembre-se, a força estará com você. Sempre.

- Espera. Isso não é de um filme?

- É, e geralmente funciona.

- Hum...





Oo...





Assim, esperamos.

Faded to fade

"Lost in the meadows i wonder
Lost in the fog i shiver
Looking for that holy place
Inside

All desapeard so quickly, how?
I just missed your loving tries.
I'm missing all this
I'm going home. Going home.

There's a lesson to be learnd
While we are here
Before we become
Faded to fade.

You are most precious plunder
You were the flow of my river
You kept all your words so deep
Inside

I can hear the whispers now
They keep saying the same old lies
I'm sick of all this
I'm going home. Going home.

There's a lesson to be learnd
While we are here
Before we become
Faded to fade."

Perdida rotina

"Não lembro-me de outras vidas.
Mal lembrando-me desta
Que passa, que escorre.
Como as horas poucas da vida
Que voam como uma festa.

Não há arrependimentos!
Há lições a serem aprendidas
Independente dos váriados momentos,
Vidas a serem vividas.

Existe apenas um problema nesse tal amor:
Não importa o lugar, a idade, ou hora,
No fundo, no fundo,
Os casais perdidos desse mundo

São sempre iguais
A mesma dicotomia
E se não são anuais
Basta ver o dia-a-dia.

Com mulher lá
Ou com homem aqui.
Ou até mesmo com os dois
Em um diferente lugar.

Estarão perdidos para sempre
Em feixes epiléticos
De vontades indisciplináveis
Que são bem fáceis de se habituar."

Blues do mendigo

"Somos loucos varridos
Somos quem não aparentamos ser
Somos quem nunca soubemos
O que será que vai acontecer?

Poder correr por aí
Sem rumo, destino ou função.
Tentando andar sem cair
E dar com a cara no chão.

Andar sem andar.
Querer sem querer
Falar sem falar.
Fazer sem fazer.

E as vozes veludozas que ecoam
Nas cabeças ignorantes
Que falam pra todo mundo o que ninguém quer ouvir

Falam que a verdade é a razão
A razão é a certeza
A certeza é um fato
E um fato é a caastrofe
A verdade é catastrofe.

É melhor correr por aí
Sem rumo destino ou razão
Tentando andar sem cair
E dar com a cara no chão."

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Alegria eterna de ser um aprendiz

"Sente as nuvens nos seus pés?
É como se nada mais pudesse feri-lo, não?
Que poder! Que amor! Nunca se viu
Um ao outro assim tão fiéis!

Esse negócio conhecido como amor,
Alguns dizem que é coisa de gente.
Outros que vale pra tudo e pra todos.
Tem pessoas que até amam coisas!

Quem sabe do nosso coração
É ele mesmo, não nós!
Não temos controle diante de tal
Incomensurável e poderoso arsenal.

Quando uma alma se ata a outra,
Quando dois vivem como um,
Não há o que os separe.

Que venha o orgulho!
A inveja!
A intriga!

Nada separa uma alma da outra.

Quando o amor nos une,
De alguma forma ficamos atados.
É um elo impossível de ser quebrado
E que só o tempo toma seus cuidados.

Um do outro,
Olhando atentamente os passos,
Sentido a respiração e o pulso.

Não existe força maior que o amor.
Seja de mãe, de pai, de irmão,
De marido, mulher ou sacristão.

O amor não cabe em palavras
E sim, no fundo d'alma de cada um.
E o lugar que lhe cabe
Só tem uma pessoa que sabe.

Pode ser que ela ainda não o tenha descoberto.

Até pode ser que sim, ou que não.
Mas quem sabe disso, pulsa sem motivo
Aparente, ou razão circunstancial.

Pois é só ele, o coração,
Quem vai apontar o caminho
Da nossa eternindade."


Te amo. E já não consigo explicar como. Nem com palavras, talvez nem mais com gestos.

Por pouco

Muita calma, meu amigo. Nada de afobações Tome muito cuidado em como dizes as cousas. Sabes bem que as palavras sermpre serviram aos homens como os lobos e os cães. E que, assim como eles, elas também podem se rebelar contra ti. Muito cuidado, pois até o mais singelo dos gestos pode ser muito mal interpretado e levá-lo ao fim de sua vida.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Trocando de pele? Mas já?

Pelos céus! O que diabos fui fazer?! Danei-me por carregar a mais fina e rara porcelana (de ébano, linda, com todos os tons possíveis que colorem nossas almas) e ela caiu pelas minhas mãos. "Isso, muito bem! Agora imite um grooplingspratocófilus!", ouvi uma voz dizer no fundo da minha cabeça. E agora, o que faço? Se colo, tenho medo que perca a beleza. Se não colo, fica quebrado. Que Deus me ajude e que a sorte me socorra. Se bem que geralmente apenas um deles intercede. E digo com ampla e vasta certeza que não é a fortuna.
Descascar em áreas peludas do meu corpo é uma coisa estranha. A pele fica grudando onde não deve. Chega a ser um processo metódico ter que tirar alguns pedaços sem que prendam. Cruzes, que coisa asquerosa! Falando em coisas asquerosas também preciso cortar as unhas e aprender a dançar. Do contrário, acho que posso me tornar um ermitão de uma vez por todas.
Sinto a depressão chegando junto com essa chuva inparávelmente constante. A cada dia ficando mais forte e mais freqüente. Me resta apenas a música nessas horas em que estou sem minha preciosa peça rara. E ela até é uma boa companheira, fala bastante, com muitas notas a ressoar. Às vezes fala rápido demais e não consigo entender direito o que ela diz, mas há momentos em que só ela pode me compreender.
Ah, minha porcelana! Porque quebraste assim desse jeito tão desajeitado? Deveria eu ter falado mais, te abraçado mais? Deveria eu ter estado menos, ter ouvido menos? De verdade mesmo, deveria ter cuidado melhor de ti. Valor e amor te dei, com certeza absoluta, talvez não tanta atenção assim. Atenção aos detalhes, as milhares de minúcias que tens escondidas por debaixo dessa tua pintura tão cheia de vida.
Montar instrumentos pode ser uma boa idéia. Uma nova empreitada que surge agora e não custa nada tentar fazer as coisas com as próprias mãos. Mas tenho receio de quebrar tudo com esse jeito todo sem jeito. Será divertido, mesmo tomando algum tempo ou perdendo algum dedo. Quem sabe também não role um "fazmerir" disso tudo, não?
Mas...de que me importa isso tudo, se minha porcelana não está ali. Em verdade lhes digo que está, sim! Mas cabisbaixa. Relutante. Com medo de ter apostado tudo e não ter ganhado nada. E é tudo culpa minha. Desculpe se lhe fiz tão mal. Tudo com você é tão maravilhoso que simplismente perco a noção da realidade. "É preciso amar com o coração na cabeça", me disseram. Mas jamais pude fazer isso. Acho que nunca vou mudar a ponto de fazê-lo. Quero fazer tudo por ela. Tudo pra ela. Mas sem colocá-la num pedestal, e sim, ao meu lado.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Amo amando.


A vontade que tenho é de gritar!

Gritar pro mundo inteiro
Que eu também sei amar!

Sei sim, pirilim!

De repente mais,
De repente menos,
Mas com certeza, amo.

Não falo de amor materno,
Tão quanto do amor filial.
Falo sobre esse amor eterno
Que vê a estrada e não seu final.

Ao acharmos um alguém
Desse jeitinho todo especial
Não há de se soltar
A menos que essa pessoa
Venha a assim desejar.

Carícias e beijos mil!
Abraços e apertos tortos!
Tão tortos quanto o dono do funil
Que respira o ar da sua boca.

Palavras sempre machucam.
Atos, mais ainda.
Mas não há quem ou o que que faça
Com que dela me separe a vida.

Esperar? Só se for por ela!
Ninguém mais me apraz com tamanha alegria.
Ou tamanha tristeza? Não importa!
O que importa é sentir sua alma.

Alma com alma,
Corpo contra corpo.

Ela me dá o amor que eu lhe entrego
Dou a ela o amor que me entrega.
Se assim fazemos, assim será
Sendo assim, só há o amar.

Te amo.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Bem me quer, mal me quer


Você com essas brincadeiras

De bem-me-quer , mal-me-quer

Acaba aos poucos

Com os poucos de mim.


Poucos esses que te amam

De toda alma e coração.

E tantos outros que te observam

E que te querem ter como lixo

Na palma da mão.


Amo-te como Adão amou sua esposa.

Refugiando-se dos olhares divinos

Para poderem residir em paz na terra de Nod.

Terra erma onde foram morar

Para que pela eternidade pudessem formar

Todo esse mundo que conhecemos como humanidade.


Nós com essas brincadeiras

De bem-me-quer, mal-me-quer

Juntamos aos poucos

Os poucos de nós dois.


Que tanto se amam, que tanto se querem

Bem-me-quer, bem nos faz.

Tanto que nossos corações

Se enchem de alegria e paz.


Seguindo em frente, sempre juntos.

Sempre unidos.

Fundidos em um só.


Mal-me-quer, mal nos faz.

Sem compartilharmos as dores

De passados e futuros amores

Que foram ou serão, cheios de atores.


Amores atores, ou atores amores?

Não sei dizer ao certo.

Apenas nos saberíamos responder.


Portanto, cabe a mim e a você

Sabermos onde e quando alcançar o meio,

A linha tênue, que divide o amor do ódio

E que nos faz sentir em materno seio.


Eu com essas brincadeiras

De bem-me-quer, mal-me-quer

Acabo com os poucos de ti.


Sempre tão devota e crente

De que nosso amor segue em frente

Na calmaria tempestuosa.


Não há amor sem tempestade

Como não há paz sem guerra.

E é nessa luta tenra e eterna

Que vivemos um para o outro.


De mim pra você .

De você pra mim.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O grito do surdo mudo


Você quer correr
Mas suas pernas não respondem,
O que vai fazer?
Tão dificil de dizer.
De se manter.

Você quer olhar
Mas seus olhos não enxergam.
O que vai fazer?
Tão difícil de dizer.
De ver.

Não cabe mais no peito.
O grito do surdo mudo
Daqui.

Quem nós somos?
É dificil de explicar
Pra onde vamos.
Tão dificil de falar
De pensar.

Tente responder
Ao que eu vou perguntar:
Quem será você?
É dificil de falar
De acreditar.

É dificil ser tão simples?
Complicando o que já é fácil demais.

Quem se atreve
A tentar explicar o pandemônio?
É tao dificil controlar.
De aceitar.

Não cabe mais no peito.
O grito do surdo mudo
Daqui.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Como se não houvesse amanhã


Rendo-me!
Não há como escapar.
Sua rede é inquebrável.
É fatal o seu olhar.

Beijos de minha mênade de ébano
Doces, macios, completos.
Carícias cheias de paixão
Com os olhos assim repletos

De tanto amor.
De tanta vontade.
De tanto ardor.
De tanta saudade.

Sem ela não vivo mais.
Como se a vida se esvaisse
A cada momento sem essa criatura.

Vivendo esse amor eterno
Que nem que por terra caísse
Iria deixar sua força na clausura.

Saiba, minha mênade, que sou por inteiro seu
De corpo e de alma, contigo, me faço um só.
E que pulsando, agora, esse coração meu
Só depois de você um dia se fará pó.

Afinados como terça e tônica.
Vamos pra frente deixando outras notas pra lá.
Caminhando, passo a passo, sempre unidos
Seguimos juntos como a ondas seguem o mar.

Amo essa mênade, e a cada dia
Adoeço mais meu coração.
De doença boa, não ruim.

Porque quem vive com um coração
Desse jeito, doente de amor e paixão.
Sabe como a vida não tem valor maior
Que estar junto a quem te tem a mão.

A quem te dá a mão, o braço, o peito.
A qualquer hora e qualquer momento.
Por inteiro, serei sempre teu.
Como eu sou você e você sou eu.

Te amo como se não houvesse amanhã.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Aprendiz de sapateiro

Foi um acontecido do ano que passou. Um jovem fora chamado, junto com mais outros dois, para se tornarem aprendizes numa sapataria de um turco. Em uma semana um deles fora mandado embora devido a um pequeno desentendimento com um dos seus superiores. Mas voltemos ao outro jovem que protagonisa a pequena história.

Era uma manhã de uma quarta feira. Seu lombo doía graças ao seu sapato de novato, que era sem solado, contudo singular e com um estilinho despojado. Pensava apenas em sua amada e em sua futura viagem juntos para uma sonífera ilha, onde o amor é tão belo como uma onda no mar. Enquanto esse pensamento martelava em sua cabeça, um senhor adentra na loja e lhe pergunta:

- Queria um tênis semelhante ao meu, que fosse tão confortável e tão bom quanto ele!

O senhor trazia consigo um sotaque carregado de argentino, o garoto observando a marca do tênis do velho, não esperava que ele lhe fosse lhe apresentar alguamas idéias interessantes. Bom, sigamos...

- Os tênis da marca que o senhor quer estão aqui. Posso lhe trazer esse, ou esse aqui talvez...

- Eu quero um parecido com este! Pra caminhar e que seja bem confortável

- Então está certo. Trarei esse aqui.

- Não, não. Não gostei desse tipo não.

- Que tal esse?

- Não, também não. Você é surdo, meu rapaz?

Como o velho notou uma torcida de nariz do menino, logo mudou de tática.

- Que tal assim: você me traz esse aqui e esse outro, e veremos então.

E lá foi o garoto mergulhar na estocagem para ver se encontrava os tênis pedidos. Subiu e o velho começou a experimentá-los. Veste um, veste outro. Anda um pouco pra cá, um pouco pra lá.

- É, não fazem mais as coisas como antigamente. A anos compro meus tênis aqui, e tudo parece mudar de ruim pra pior. Vou lhe dizer uma coisa, mas primeiro preciso saber de outra. Você não trabalha aqui a muito tempo, certo?

- Acho que está estampado em minha testa. Não gosto de trabalhar com comércio. Me dá uma canseira braba. Prefiro ler meus livros e estudar com calma. É bem melhor.

- E o que estudas?

- Letras, latim, na federal do rio de janeiro - enchendo a boca de orgulho.

- Pois bem, o que vou lhe dizer agora é um ensinamento pro resto da vida. Agora, preste atenção! - pigarreou e prosseguiu - O homem, desde o momento que nasce, quer fazer as coisas, sempre e tudo. Desde falar até brincar. Depois de passada essa fase, começa a observar, a aprender, a querer saber das coisas que lhe cercam. Num momento seguinte, começa a buscar a aprender a saber fazer as coisas da vida. - calçou o outro par de tênis que lhe foi entregue e continuou - Daí, ele começa a passar tudo, ou pouco, que aprendera até então, ou ao menos tentar passar boa parte das coisas que lhe foram ensinadas. Com o tempo compreende que é preciso aprender mais e mais, para que possa ensinar mais e mais, ou fazer mais e mais. Essas são as máximas da progressão da atividade do homem na Terra: fazer, saber, saber fazer, fazer saber, saber muito mais e fazer muito mais. Exatamente assim, gradativamente. Vou levar esses aqui. Onde jogo esses meus velhos fora?

- O senhor vai mesmo querer jogá-los fora?

- Vou. Já não me prestam pra nada. Vê?

- Então se não lhe for muito incômodo, gostaria de ficar com eles. Esses meus aqui me matam as costas.

- Que fique e que faça um bom proveito, meu jovem. Deles e de tudo que lhe falei até agora.

- Gostaria de atender mais pessoas como o senhor. É bem raro encontrar pessoas assim tão dispostas a nos ajudar.

- Num mundo como esse é quase impossível. Criei meu único filho e fui levando minha vida ensinando e lidando com o comércio para que ele pudesse ter uma boa vida. Mas ele morreu aos seus vinte e sete anos. E eu, que enterrei-o, já não tenho mais nada o que fazer aqui a não ser isso.

- Sinto muito. De coração.

- Não se incomode tanto. Isso já tem um bom tempo. É uma dor singular. Mas precisamos seguir a vida. Saber muito, para ensinar muito mais.

- Acho que terei uma vida boa.

- Assim espero, meu jovem. E vejo que tens um futuro promissor

Após um rápido procedimento de pagamento, o senhor sai, não tão satisfeito com seu par de tênis, mas com o que pode ensinar para aquele jovem aprendiz da vida. E o jovem, que passava o dia inteiro pensando em sua viagem com sua amada, agora pensava ainda com mais vontade, com mais força. Porque é isso que precisamos ter para pordermos aprender, e para que possamos ensinar. Sem nunca desistir de nada que queiramos muito. Seja qual for o objetivo.