quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Jororoca


Eis aqui um momento de (possível) reflexão. Dentro de nós, abstratamente falando, temos nossa alma e nosso espírito. São coisas completamente diferentes mas que ressoam como uma única coisa no ouvido da galera. Encaremos o termo "estado de espírito", certo? Então, o que exatamente ele remete a alma? Quase nada. Ele demosntra o que a alma sente? Não. Mas voltando à expressão, estado de espírito, temos isto geralmente descrevendo como nos sentimos, e não como a alma se sente. Sim, a alma está em nós, mas ela não é exatemente o que pensamos que ela seja. Agora eu tenho certeza absoluta de que você vai, no mínimo, parar de ler, fechar essa janela e ir fazer alguma outra coisa mais útil, mas antes que vá, deixe dar uma definição rápida e muito restrita do que é a nossa alma: é um espelho que situa-se num lugar escuro, onde se refletem todos os eus de todos nós, incluindo os que nunca vimos, e que lá estão apenas esperando uma oportunidade de darem um passo à frente. Pronto. Agora para (pifiamente) definirmos o espírito, podemos tratá-lo da seguinte forma: um quase insignificante fragmento desse espelho onde pode-se notar como parte de nós se sente. E é exatamente na profundeza de minha alma que quero chegar. Não ver o que está lá, porque acho que poderia enlouquecer como qualquer outra pessoa, mas quero estar lá, ter a sensação de me ver sem ser eu mesmo. Escrevendo temos a impressão de que somos outros, de que podemos ser quem quisermos, de que podemos fazer o que quisermos. Na verdade quando escrevo, gosto de mostrar imagens que surgem na minha mente de uma forma talvez floreada, mas que não consigo encontrar outra de exprimi-las. E sendo assim, encaro-as como um pedaço de alma que vai embora mas que regenera-se contra minha vontade. E diante disso, torno-me impotente, mas feliz de ter expressado um pedaço de mim. Mas é como uma chama que se esvai, deixando apenas a brasa para arder até que seja reacendida por alguma força. E é exatamente nesse estado apático que me encontro. Sem fogo, sem história, sem perturbação. Apenas numa jororoca que parece perpétua.

Um comentário:

Carolina disse...

Pô, cara, não fala isso... Tava precisando de fogo pra acender um cigarro. Que bad, nem posso perguntar: "tem fogo aí?"