sábado, 15 de novembro de 2008

Das Montanhas de ébano

Lá sempre estiveram duas montanhas
Que o tempo fizera questão de esculpir
Com tamanha perfeição.

Magnânimas e tão grandes montanhas
Que seu vale nunca faz questão de sumir
Nos olhares ao chão.

No topo de ambos
Um solo raso
Como que se fosse
Moldado por fortes ventos circulares.

E ainda no centro de cada um
Uma pedra que teima em se esconder
De acordo com as vontades
De uma terra desconhecida pelos homens.

O vale, sempre um mistério,
Fica ali perdido, quase lendário
Guardando algo muito mais importante

Que pulsa, que vibra,
Que sente , que chora,
Que salta, palpita,
E onde, essencialmente, mora

A vontade dessas montanhas
Que perambulam sem rumo pelo mundo
Buscando olhares para visitá-las.

Buscando olhares estranhos,
Porque os olhares íntimos
Vindos dum vale raso
Não tem significado algum.

Montanhas sacodem num terremoto.
Num fervor altivo e frenético.
Nunca reparadas?

Pulsam junto com a terra,
Junto com o vale.
Onde se guardam ainda muitos segredos
A serem desvelados.