terça-feira, 9 de junho de 2009

Do mundo ao mundo


Pouco de tudo se sabe
Da vida, da roda do mundo.
É preciso conhecer dele,
Desse lugar tão pequeno e profundo

De onde saem todas as coisas mundanas
E delas nos fazemos saber existir
Tornando as pequenezas das coisas profanas
Dissecadas sem nem ao menos sentir.

Da ciência pelo homem
O mundo se deprime.
E nela, que tudo suprime,
Ambos se destroem, se consomem.

Homem, vira bicho!
Deixa essa vida de sapiência!
Esqueces que já foi do mundo
Como do mundo já foste essência?

Esqueceste quem foi tua mãe?
Essa que te criou no verde ventre
E que nesse reino te deixou?
Então agora, vá e entre!

Entre e caia no abismo.
Que vivacidade voraz!
A razão deu-lhe cinismo.
Nossa, que perspicaz!

Largai, velho, a enxada
Agarrai, novo, a entrada
Que ontem se criou eterna,
E que amanhã não terá mais perna.

Coxa, manca, torta e feia.
É assim sua nova e cinzenta mãe.
E por culpa sua, na sua veia
Corre seu sangue urbano que se dispõe.

Choram tristes e sozinhos
Em tribos descerebradas.
Ei-los correndo ribeirinhos
Atirando-se pedras a cusparadas.

Voltai mãe! Não abandone suas crianças!
Que estão tão tolas e tão insadias.
Lamentam o triste suor enlatado das lembranças
Que esqueceram de reciclar noutros perdidos dias.

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