quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Trocando de pele? Mas já?

Pelos céus! O que diabos fui fazer?! Danei-me por carregar a mais fina e rara porcelana (de ébano, linda, com todos os tons possíveis que colorem nossas almas) e ela caiu pelas minhas mãos. "Isso, muito bem! Agora imite um grooplingspratocófilus!", ouvi uma voz dizer no fundo da minha cabeça. E agora, o que faço? Se colo, tenho medo que perca a beleza. Se não colo, fica quebrado. Que Deus me ajude e que a sorte me socorra. Se bem que geralmente apenas um deles intercede. E digo com ampla e vasta certeza que não é a fortuna.
Descascar em áreas peludas do meu corpo é uma coisa estranha. A pele fica grudando onde não deve. Chega a ser um processo metódico ter que tirar alguns pedaços sem que prendam. Cruzes, que coisa asquerosa! Falando em coisas asquerosas também preciso cortar as unhas e aprender a dançar. Do contrário, acho que posso me tornar um ermitão de uma vez por todas.
Sinto a depressão chegando junto com essa chuva inparávelmente constante. A cada dia ficando mais forte e mais freqüente. Me resta apenas a música nessas horas em que estou sem minha preciosa peça rara. E ela até é uma boa companheira, fala bastante, com muitas notas a ressoar. Às vezes fala rápido demais e não consigo entender direito o que ela diz, mas há momentos em que só ela pode me compreender.
Ah, minha porcelana! Porque quebraste assim desse jeito tão desajeitado? Deveria eu ter falado mais, te abraçado mais? Deveria eu ter estado menos, ter ouvido menos? De verdade mesmo, deveria ter cuidado melhor de ti. Valor e amor te dei, com certeza absoluta, talvez não tanta atenção assim. Atenção aos detalhes, as milhares de minúcias que tens escondidas por debaixo dessa tua pintura tão cheia de vida.
Montar instrumentos pode ser uma boa idéia. Uma nova empreitada que surge agora e não custa nada tentar fazer as coisas com as próprias mãos. Mas tenho receio de quebrar tudo com esse jeito todo sem jeito. Será divertido, mesmo tomando algum tempo ou perdendo algum dedo. Quem sabe também não role um "fazmerir" disso tudo, não?
Mas...de que me importa isso tudo, se minha porcelana não está ali. Em verdade lhes digo que está, sim! Mas cabisbaixa. Relutante. Com medo de ter apostado tudo e não ter ganhado nada. E é tudo culpa minha. Desculpe se lhe fiz tão mal. Tudo com você é tão maravilhoso que simplismente perco a noção da realidade. "É preciso amar com o coração na cabeça", me disseram. Mas jamais pude fazer isso. Acho que nunca vou mudar a ponto de fazê-lo. Quero fazer tudo por ela. Tudo pra ela. Mas sem colocá-la num pedestal, e sim, ao meu lado.

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