sexta-feira, 25 de abril de 2008

Saudades Desmesuradas.

Às vezes, assim, só às vezes sentimos uma vontade inexplicável de chorar. Pode ser por angústia, por amizade, por carência ou só por um problema que pode ter sido inventado por nós naquele exato momento, só para expormos nossa sensiblidade emotiva ao mundo.
Não foi o meu caso hoje.
Ao entrar no rotineiro ônibus, ouvindo as músicas de sempre, nada acontece de extraordinário. Passa a viagem, até então se chegar na altura do Palácio Guanabara, em Laraneiras. Foi então que tudo começou.
Toccata e Fuga em Ré menor, de Johann Sebastian Bach. Não importa aonde eu esteja, ou o que diabos esteja fazendo, essa música sempre vai mecher com a minha pessoa. Não, com a minha pessoa não, com a minha alma seria mais cabível dizer.
Mas dessa vez, não foram apenas as notas, o contraponto, ou toda a mágica de Bach que me emocinou, e sim a visão do meu querido velho aos órgãos das inúmeras igrejas que ele já havia tocado.
Me atei a essa música com a mesma intensidade do ódio de uma louca Medéia, mas não obcecado pela raiva, e sim pela paixão daquele precioso momento.
A visão. As mãos. Meu pai, ali, tocando na minha frente. Me agarrei o quanto pude a sua figura.
Me delicio em cada compasso, em cada acorde, em cada nota. Ele muito concentrado, toca com leveza e agressividade num orgão simples, com uma expressão de felicidade perpétua sem, em minuto algum, abrir os olhos. Talento inato é uma merda. Que inveja. Que saudade.
Derramo lágrimas de alegria, por poder rever o velho tocando tão tranquilamente uma música de tão difícil execução.
Ao terminar a música me deparo com a saída do túnel Santa Bárbara a luz da manhã iluminando o Catumbi. Mas infelizmente outro murro no estômago me aguardava na música que se seguia.
Show do Pink Floyd, Pulse. A primeira música: "Shine On You Crazy Diamond". Porra, puta que me pariu(que minha querida mãe me desculpe)!"Desculpe meu amigo, mas não dá pra segurar." Chorei. Puta merda, como chorei.
A cada palavra que David Gilmore falava, escorregavam pelas minhas ventas cada momento que passamos juntos. Tá, talvez "cada" seja realmente um exagero, mas alguns bons e outros horríveis.Mas ainda assim momentos inigualavelmente memoráveis. Desde as viagens, das besteiras, das risadas, até as brigas, os tapinhas e por fim a visão do "olhar como dois grande buracos no céu."
Infelizemente não tenho fotos dele para aqui postar, mas espero que quem se lembre da figura dele, ao ler minhas palavras aqui escritas, possam ver tão claramente a imagem do Tio Vitor tocando, rindo e falando as besteiradas só pra poder ouvir aquelas belas risadas das crianças que ele amava tanto quanto os próprios filhos. Palavra de quem também já foi aluno dele.

Saudades eternas de uma família quase desmembrada por sua falta.

Shine on you crazy diamond.

Acho que fiquei assim por ter visto o Império Contra-Ataca ontem. A palavra pai é repetida muitas vezes no filme. É. Vai ver foi isso.

Babaquinha,né?

A todos, um grande beijo e abraço.

3 comentários:

Daniel Carvalho - Portfólio disse...

Teresopolis tbm faz isso comigo, lembro de quantas brradas e oportunidade desperdiçadas tive por la, e acabam me lembrando as daki tbm...
Sem contar que como havia dito tbm sinto muitas saudades do meu avo, e akela casa cuja qual era ele tao apegado reforçam esse sentimento.

Quanto a seu pai cara, puxa soh tenho a agradecer tudo q ele me ensinou, sem duvida foi um dos melhores professores que eu tive, mais que isso, era um tio, tio Vitor. Como vc colocou bem ele era sem duvida mito bom no que fazia nao soh no que diz respeito a musica porque essa eh fora de cogitacao mas tbm no que dizia respeito a lidar com os alunos, palavra de quem tbm a foi aluno =).
Apenas orgulhe-se ao lembrar, do pai maraviloso que vc tem. Pois eh assim que lembro carinhosamente de meu tio.
Infelizmente nao pude aprofundar os laços com ele, talvez hoje fossemos amis que aluno e professor, sobrinho e tio, depois de ficar tao amigo seu a convivencia nos tornaria excelentes camaradas, ateh por pensarmos muito parecido, sabe como eh somos virginanos,o melhor signo.
Chore o quanto puder, eh uma sensacao muita boa de alivia e lembranca, tolo eh quem recrimina essa expressao de sentimento, chorar e rir sao sempre bem vindos quando necessarios.
Espelhe-se no velho siga o que ele gostaria de ver que vc fizesse, que nos dois sabemos o que eh, e que nao eh o que vc tem feito atualmente vc nao tem feito por se aventurar em areas outras, vc tem o dom dele, nao desperdice um dos melhores legados que ele te deixou.
Eu adorava meu tio e adoro vc, por isso nao me canso de dizer para que siga os mesmos compassos do velho.

Carolina disse...

Exatamente assim que sinto... sempre que as pessoas vêm me dizer "meu pai isso, meu pai aquilo, ontem sai com meu pai, meu pai é chato, amo meu pai..." e todas as outras frases que envolvem a palavra "pai" mexem comigo, e os minutos seguintes a tais expressões são os mais tristes.
Infelizmente as pessoas não têm culpa e não vão se conter em falar "meu pai" quando estou perto... Eu NUNCA vou me acostumar.

E eu vou parar por aqui, porque senão vou chorar igual ontem quando escrevi outras coisas... ¬¬

"Você vai ver Medeia?"
Só pra descontrair o ambiente... :p

Unknown disse...

KARLITITUZ...não conheci seu pai...o vi uma vez mto rápido, mas nunca fui aluna dele...
msm assim gostei mto do q vc escreveu...como assim vc tem um blog cheio d posts e nunca me contou??
aahhhh vou ler tudo agora!!!(com a msm voz d "vc eh menino saiii")